O Tribunal deu provimento ao recurso da Santos e Vale para voltar a transitar pela Rua dos Bons Amigos, Passinha. A informação foi adiantada em reunião de Câmara de Alenquer, esta terça-feira. Recorde-se que a população daquela zona do concelho convivia desde 2021 com um fluxo de centenas de camiões de dia e de noite provenientes da atividade da empresa. A Santos e Vale mudou a sua rota, após a população ter visto o tribunal dar-lhe razão, e o inferno passou para a zona vizinha dos Casais Novos. Agora a empresa tem luz verde para voltar a circular pela localidade da Passinha. Na raiz do imbróglio está um estudo de tráfego do município que nunca foi muito claro. (Segundo documentação à qual o Valor Local teve acesso tão depressa é referido o número de 20 camiões por hora, como 20 veículos por dia).
Nádia Loureiro, residente em Casais Novos, que tem sido um dos rostos do descontentamento, voltou a referir nesta reunião de Câmara que a empresa continua a não respeitar minimamente a população da Avenida da Juventude e Rua do Batalheiro, prejudicando o descanso dos moradores, com a circulação de camiões rumo à empresa até altas horas da madrugada. A Câmara, no entender da munícipe, também não sai bem na fotografia, dado que as vias não foram devidamente alcatroadas de forma a diminuir o impacto das viaturas pesadas – “Apenas fizeram uns remendos”, aludiu. Se os camiões voltarem a circular pela Passinha, os moradores de Casais Novos podem respirar de alívio, mas o problema continua.
O presidente da Câmara, Pedro Folgado, que há cerca de um mês dava conta ao nosso jornal, que esperava inaugurar a estrada alternativa, de forma a que a empresa não circule nem por Casais Novos nem pela Passinha, até final do ano, de preferência com a Santos e Vale a financiar as obras, preferiu não fazer promessas a Nádia Loureiro. O autarca lamentou a falta de civismo dos motoristas da Santos e Vale, que não respeitam a sinalização vertical. “Queremos fazer a escritura do terreno o mais depressa possível para que se consiga prosseguir com o projeto de execução de uma vez por todas, de forma que a empresa passe a circular pela nova via, nem que seja preciso colocar lá a GNR de dia e de noite”, mostrou-se agastado.
Já Nuno Henriques do PSD exortou a Câmara a não perder tempo com questões adjacentes à necessidade da nova estrada alternativa, nomeadamente, “a ciclovia de que também já se falou para o local”. O autarca lembrou o erro crasso da Câmara ao ter viabilizado o estudo de tráfego que viria a condicionar fortemente a população daquelas localidades.
Sistematicamente e ao longo dos anos, o Valor Local tem tentado obter esclarecimentos da Santos e Vale mas as nossas solicitações nunca tiveram resposta.