O pesadelo do trânsito de pesados proveniente da empresa de logística Santos e Vale mudou-se da Rua dos Bons Amigos na Passinha, concelho de Alenquer, para a Rua das Camélias e Avenida da Juventude nos Casais Novos. O Tribunal Administrativo de Lisboa deu razão aos moradores da Passinha que se queixavam há largos anos da passagem dia e noite de centenas de camiões pelo que a Santos e Vale faz agora um novo trajeto para as suas cargas e descargas, impedida que está de circular na Passinha para além dos 20 camiões diários que constavam do projeto de licenciamento. Quem paga agora a fatura da falta de descanso e de diminuição da sua qualidade de vida são os habitantes de Casais Novos. Um grupo de munícipes esteve na reunião de Câmara de Alenquer a queixar-se deste suplício.
Nádia Loureiro, habitante na Rua das Camélias, começou por expor que no dia 13 de junho, deu-se ao trabalho de contar o número de camiões que passaram junto a sua casa, sendo que contabilizou 238 viaturas, 43 só de noite, o que impossibilita qualquer tentativa de descanso. “Aquela era uma zona calma até ao momento em que os camiões decidiram fazer este novo trajeto, para além de que o trânsito intenso de camiões naquele local está a estragar o pavimento das ruas. Neste momento é insustentável e gostávamos de ter algumas respostas para as nossas perguntas. Como é possível uma empresa ter uma atitude destas numa zona residencial?”, deixou a interrogação. A moradora não tem dúvidas de que em risco encontra-se a saúde e o bem-estar dos habitantes que sofrem com a poluição e a trepidação. Também presente nesta reunião de Câmara, o igualmente morador na Rua das Camélias, Hélder Francisco, queixou-se do mesmo e pediu mais fiscalização dos camiões, numa rua que já não tem passeios.
O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, adiantou que continua a negociar com o proprietário de um terreno, na Quinta da Telhada, onde possa ser criada uma via alternativa que não prejudique os moradores. Em 2021, o autarca já falava ao nosso jornal do encetar dessas negociações, mas passados dois anos, e até à data ainda não haverá fumo branco. Numa entrevista publicada na nossa edição de julho de 2021, Pedro Folgado acrescentava ainda que a Santos e Vale teria de arcar com parte desse futuro investimento.
Aos munícipes presentes na sessão de Câmara, o autarca deu conta que inicialmente a empresa apenas falava no tráfego de 20 camiões diários, o que não se veio a comprovar. O autarca salientou que para minimizar a passagem dos camiões podem ser colocadas lombas.
Já o vereador do PSD, Nuno Miguel Henriques, deu a ideia de instalação de videovigilância no local como meio dissuasor ou de colocação de elementos da GNR no local através da atribuição de serviços remunerados gratificados pela Câmara.