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Azambuja: Dono da Jular acusa Exide de “promover espetáculo degradante”

Há muito que a poluição atmosférica proveniente da Exide Technologies Recycling, ligada à reciclagem de baterias, em Vila Nova da Rainha, é falada na localidade. Em 2019, o Valor Local acompanhou a presença de uma comitiva de “Os Verdes” que levou o assunto à Assembleia da República. Agora, foi a vez da Jular, ligada ao comércio de construção em madeira, denunciar junto das entidades do Estado, a empresa vizinha que se situa do outro lado da Nacional 3. “Tudo isto é penoso para as pessoas”, começa por referir Amaro Santos, diretor da empresa, que adianta estar a sofrer prejuízos.

O responsável considera que têm de ser assacadas consequências à atividade do vizinho indesejável, que acusa de estar a promover uma “contínua contaminação dos solos”. Por outro lado, opina que “as autoridades têm de apanhar em flagrante a empresa quando estiver a libertar emissões gasosas poluentes para a atmosfera”. Acresce “a contaminação dos lençóis freáticos porque estamos a jusante e esses materiais vêm cá parar”. As descargas que chegam à fábrica já foram mandadas analisar e “temos dados completamente objetivos”, pois “conseguimos demonstrar que o nível de ácidos de materiais pesados infiltrado no solo é superior ao que é seguro”.

Os prejuízos na sua empresa tendem a acumular-se porque “tudo o que são materiais ferrosos ou equipamentos passíveis de oxidação sofrem uma aceleração”. O empresário conta que já teve de proceder à substituição de um telheiro junto à Nacional 3, “mas o resto da cobertura da fábrica está igualmente afetada”.

“Sobretudo nos dias em que a atmosfera está mais pesada, com as nuvens mais baixas, com um teor de humidade maior, por vezes não se consegue estar aqui de manhã, quando coincide com as emissões das chaminés da fábrica. Aquilo é de tal forma agressivo que se torna difícil respirar”, descreve naquilo que é um caso que está a prejudicar também os trabalhadores da sua empresa.

A Jular tem uma ação a decorrer, desde 2021, contra a Exide, “mas apesar da gravidade tudo anda muito devagar. Já ca esteve a Polícia Judiciária, mas é preciso que se apanhe em flagrante”. Amaro Santos refere que a empresa vizinha tem de parar com as emissões, e munir-se dos filtros necessários, “porque isto é superagressivo para a saúde humana”. Por aquilo que percebe, “colocam no sistema todas as escórias resultantes das fundições do chumbo das baterias e outros metais que se converte num espetáculo completamente degradante com o espalhamento de poeiras por tudo quanto é lado. Já em dias de chuva cria-se aqui uma lama que atrapalha tudo e todos”.

Exide Technologies sempre recusou responsabilidades

A empresa numa resposta ao Valor Local, em 2019, aquando da vista do partido “Os Verdes” sempre rejeitou responsabilidades no estado de coisas. À época existiam relatos de que a atividade da fábrica estava ligada a queixas de cheiro a ferro e a enferrujamento acelerado da pintura de automóveis e postes de eletricidade. O Valor Local nessa altura falou com o antigo presidente de junta, Mário Parruca, que alegava que a atividade da Exide não era assunto na freguesia. O atual autarca de Vila Nova da Rainha, Bruno Borda d’Água também não tem conhecimento de especiais queixas, embora a fábrica ainda se situe a quase dois quilómetros da freguesia.

O Valor Local ouviu o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, que se diz desconhecedor de demais queixas, para além das da Jular. Pelo que sabe a empresa possui todas as licenças a serem passadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, Inspeção Geral da Agricultura, do Mar do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT). Contudo adianta que está disponível para intervir junto do Estado para que a fiscalização se identifique.

Motorista revela pormenores dos métodos da empresa

Em declarações ao Valor Local, um motorista que chegou a transportar mercadorias para a Exide, que não se quis identificar para esta reportagem, revela que durante anos levou chumbo contaminado das baterias para a fábrica. “Era tudo despejado no chão, ou para dentro de paletes ou cubas de plástico”. Este trabalhador externo à Exide acredita que os materiais “são perigosos para o meio ambiente, porque o chumbo usado no miolo das baterias está a evaporar ao ar”. Chegavam a Portugal vindos de países como a China ou Índia em contentores marítimos devidamente selados.

Recorde-se que ainda em 2019, o ministério do Ambiente descartava cenário de poluição atmosférica proveniente da Exide, “não existindo sinais de ocorrências verificadas”, mesmo após a visita das entidades do ambiente a nível governamental.

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