Costuma dizer-se de forma generalizada que Portugal é um País de brandos costumes embora sejamos demasiadas vezes confrontados com factos que desmentem esta afirmação. Os acontecimentos dos últimos dias em muitas zonas da Área Metropolitana de Lisboa são muito preocupantes e devem merecer uma ação enérgica das autoridades policiais e também, uma reflexão profunda sobre o modelo social e comportamento exibido por estes jovens delinquentes que a pretexto da morte de Odair Moniz mais não fazem que destruir património público e privado e provocar danos físicos graves e irreversíveis no motorista da Carris que conduzia um autocarro incendiado por estes grupos criminosos.
As práticas criminosas mais habituais em Portugal aparecem ligadas ao tráfico de armas e drogas, ao tráfico de pessoas, à imigração ilegal, a burlas, fraudes, corrupção, terrorismo, muito em linha com o que sucede por essa Europa fora.
Eça de Queiroz dizia que Portugal era a França traduzida em calão, ou seja, todas as modas eram importadas de França, para o bem e para o mal e neste caso parece que se importou a moda dos coletes amarelos visíveis nos últimos anos em diversas cidades francesas semeando o caos e um grau de destruição imenso com destruição de património público e privado.
Não estávamos habituados a ver nas nossas cidades este nível de destruição e caos e é bom que não nos habituemos. A morte de um cidadão, resultante do disparo duma arma de fogo por um agente policial, deve ser investigada e esclarecida perante o país com total clareza e rigor por forma a garantir que foram cumpridas todas as regras por parte do agente da autoridade, sendo que ao que se sabe o cidadão não terá cumprida todas as regras a que está obrigado.
A vida num Estado de direito democrático não é compatível com o uso de excesso de violência policial. Quando em plenos anos 90 houve um programa de realojamento habitacional (PER), visando acabar com os chamados bairros de lata da periferia da Grande Lisboa foi um grande passo para que estas pessoas obtivessem alguma dignidade na habitação e pudessem desfrutar de uma habitação digna desse nome com o devido enquadramento social.
“É preciso garantir a paz e tranquilidade públicas e levar perante a justiça todos aqueles que insistem na destruição de património nas nossas ruas”
Andou bem o Governo ao reunir-se com várias associações que representam as comunidades da Grande Lisboa com o objetivo de ouvir as suas propostas e delinear propostas para o futuro com o desenho de novas políticas publicas que garantam cada vez mais integração e coesão social. Entretanto é preciso garantir a paz e tranquilidade públicas e levar perante a justiça todos aqueles que insistem na destruição de património nas nossas ruas.
A defesa do Estado de Direito e da Democracia não se faz com aqueles, como a extrema-esquerda, que acham que “polícia bom é polícia morto,” mas também não de faz com aqueles, como os da extrema-direita, “que acham que “polícia bom é polícia aos tiros”.
As minhas condolências à família de Odair Moniz, e uma palavra de solidariedade para o agente da PSP e sua família, e também solidariedade e votos de rápidas melhoras para com o motorista da Carris gravemente ferido. Haja bom senso de todas as partes !!
