Flávio Sequeira é uma das vozes mais conhecidas do mundo das rádios em Portugal. Depois de ter começado no sótão de casa, o seu percurso levantou voo e aterrou em projetos como a TVI; Smooth, M80 e Comercial, tendo sido a voz oficial do canal AXN White. Em conversa com a Rádio Valor Local, Flávio Sequeira, que viveu parte da sua vida no concelho de Azambuja, diz que tudo começou com os amigos, quando descobriu “um gravador sanyo pequeno com leitor de cassetes”.
Sequeira recorda ainda o facto de o pai ter tido o sonho de fazer rádio e isso deu-lhe também o alento a investigar mais sobre o assunto. Num dia, foi a pé de Aveiras a Santarém, “só para comprar um emissor com um amigo que hoje até está em Inglaterra”.
Chegou a casa e montou-o no telhado. Partiu uma telha, mas conseguir “emitir” para a vizinha do lado que aguardava pela emissão à noite, já que Flávio Sequeira era estudante e as emissões à época eram, claro, condicionadas aos horários do estudo.
Da emissão pirata à rádio Cartaxo, passando pela Rádio 100 e RL-FM e Ribatejo foi um pulinho. Pelo meio diz-se influenciado por pessoas como Carlos Palmeiro, Ricardo Oliveira, ou Paulo Melo, pessoas que o ajudaram no meio das rádios locais e que o impulsionaram a dar o passo em frente.
Hoje, Flávio Sequeira faz consultadoria, produção e é ainda a voz de vários anúncios nas rádios e televisões. São dele, os projetos da HIPERFM e mais recentemente assinou a plástica da Rádio Valor Local, o nosso projeto online, associado ao jornal.
Flávio constata que as rádios locais em Portugal e com emissor “passam por dificuldades, muitas delas financeiras relacionadas com recursos humanos e dificuldades técnicas” algo que já não é novo, mas que tem vindo a agudizar-se nos últimos anos. Em causa o mercado publicitário absorvido pelos grandes grupos de comunicação porque “na verdade, o mercado publicitário da rádio é pouco mesmo para os grandes grupos”.
Já no que toca ao mercado online “já há muita coisa” e explica que tem dúvidas se se pode considerar uma rádio, “um projeto onde as pessoas resolvem fazer rádios online em casa porque é giro e porque sempre tiveram o sonho de fazer rádio uma vez na vida”. Ainda assim assume que temos projetos diferentes e interessantes que estão a vingar “e que têm potencial para poder subsistir”.
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Tendo em conta que os custos são menores, aos associados à energia gasta pelo emissor e equipamentos que “são elevadíssimos” tal pode estar também na origem do fim das rádios fm locais, neste caso com a venda, de frequências a grupos de rádios maiores.
Para Flávio Sequeira, este fenómeno é muito parecido com o do aparecimento das rádios piratas. O mundo mudou e hoje a internet trouxe muitas formas de entretenimento e de fontes de informação. As plataformas de TV, Rádio e Jornal são bastante diferentes e isso acaba por ser positivo, sendo “uma nova forma de comunicar”.
A Rádio não morreu e continua em força, na sua opinião, e recorda um estudo americano recente que refere que “o número de pessoas que ouve rádio cresceu substancialmente nos últimos anos”.
Atualmente Flávio Sequeira tem um estúdio de produção nos arredores do Porto e continua a dedicar-se à publicidade e não só. Recentemente desenvolveu um serviço de música ambiente para estabelecimentos, o “Simplyplay”. No fundo este é um projeto que cria “rádios personalizadas”. “São ambientes musicais personalizados, sem as vozes dos locutores, sem publicidade, só com música e de vários estilos ao gosto dos clientes. Sequeira recorda que o sistema é personalizado, basta o cliente querer e sublinha que este é um projeto autorizado para se ter, por exemplo, numa loja, algo impossível com o Spotify, que apenas pode ser usado para fins particulares.