Nós seres humanos temos um certo fascínio pelo esoterismo, sobre a possibilidade de imaginarmos o futuro e, acima de tudo, a curiosidade pelo que verdadeiramente acontecerá. Sendo depositada uma “fé” no trabalho de profissões muito associadas à realização de previsões, como os meteorologistas e os economistas.
A ciência económica tendo em conta a necessidade de prever o futuro, como mecanismo de apoio à tomada de decisões, foi-se apercebendo que existe um padrão no que respeita aos altos e baixos das economias. A possibilidade de serem previstas estas evoluções, ficaram consagradas em diversas teorias: os ciclos de Juglar (que define fases entre os 7 e os 10 anos) ou os ciclos de Kuznets (com fases entre os 15 e os 20 anos), são os mais conhecidos no estudo da evolução da Economia.
Olhando para a realidade e para o que os dados económicos nos mostram, Portugal cresce desde 2014, com interregno em 2020 (ano pandémico). Desde o ano 2000 que crescemos em 18 anos, dos quais 9 desses anos ocorreram desde 2014. O que torna previsível que o ciclo deva estar a mudar.
Olhando para a Europa, entre os economistas diz-se que quando a Alemanha espirra, a Europa constipa-se. E não é caso para menos. Desde a guerra na Ucrânia, onde nos deparámos que a Alemanha tinha assentado o seu modelo de crescimento na energia barata proveniente da Rússia, passando pela concorrência chinesa recente em setores chave da economia alemã, até à previsão de introdução de novas tarifas pelo novo Presidente americano, tudo indica que 2025 será um ano de viragem.
Esta viragem é muito visível nos planos de ajustamento empresariais já conhecidos, que somam milhares de despedimentos previstos nas duas maiores economias europeias (Alemanha e França), levando a que todas as indústrias dependentes destas grandes empresas (automóvel, por exemplo) realizem ajustamentos semelhantes. Desta forma, o centro europeu não escapará ao impacto económico destas decisões.
É necessário que o novo ciclo económico, que tudo indica será de ajustamento/ recessão, seja visto com especial atenção. Em mais um ciclo de crescimento, foram cometidos alguns dos erros do passado que só tornam o ajustamento mais complexo. Ao contrário do ciclo anterior, que afetou sobretudo o sul europeu, este prevê-se que afete o coração da Europa. Onde estão as fileiras industriais alvo de maior impacto e onde estão alguns dos países com as maiores dívidas públicas (como a França e a Bélgica). A isto, soma-se a criação de gigantes empresariais europeus (como na área da banca) que se tornaram “demasiado grandes para caírem”. Se a gestão deste tipo de organizações não for prudente, em caso de salvação, os Estados terão de se chegar à frente. Sabendo que a margem orçamental de alguns países é curta, devido à sua elevada dívida pública e aos constantes saldos orçamentais negativos, é caso para dizer que o cenário não se augura bom.
A mudança de ciclo que se afigura, seja em 2025, 2026 ou em 2030, cria a necessidade de a população fazer ajustamentos ao seu orçamento, procurando gerir as suas despesas e até reduzi-las, com o objetivo de criarem almofadas para o futuro. Não há nada mais certo na Economia como a inexistência de crescimentos económicos infinitos, mais tarde ou mais cedo o ajustamento virá e temos de estar bem preparados para o enfrentar.
Mas como o objetivo do Homem é ser feliz, a tod@s um excelente Natal e um bom ano de 2025!