O vereador do PSD na Câmara de Azambuja, Rui Corça, numa entrevista de balanço de mandato na Rádio Valor Local, considera que o PS “não tem gerido bem os destinos do concelho”, que governa através de “egos” e “sem uma estratégia pensada em diferentes áreas”.
Rui Corça, reeleito vereador em 2021 pela segunda vez, não conseguiu conquistar a câmara municipal governada há largos anos pelo Partido Socialista. Embora não tenha conseguido vencer a Câmara, conseguiu aumentar a votação, em parte devido à conquista das juntas de freguesia de Aveiras de Baixo e de Vila Nova da Rainha. Em 2021, os social-democratas de Azambuja conseguiram mesmo o melhor resultado de sempre para o partido.
A votação de 2021, e o aparecimento do Chega, liderado em Azambuja por Inês Louro, que militava no Partido Socialista, veio alterar os votos, trazendo algum desequilíbrio ao PS, obrigando a um entendimento entre socialistas e comunistas no executivo.
Rui Corça vinca que o PSD é um partido de centro-direita e recorda que pela primeira vez o PS não tem oposição à esquerda, porque integrou a CDU no executivo. Esse é também um dado novo. Embora as posições do PSD e Chega nem sempre sejam convergentes, certo é que esses três votos fazem diferença no final, obrigando o PS a chegar-se à CDU em algumas propostas, e refere que o PS tem agora uma oposição “acrítica” à esquerda.
O vereador considera, entretanto, que o novo elenco de força políticas “e esta correlação de forças à esquerda e à direita”, acaba por indiciar um novo ciclo político, que embora importante, não chega para que o PSD sobressaia para já.
Rui Corça refere que ainda assim, e sendo o concelho de Azambuja um concelho que vota tradicionalmente à esquerda, pode mudar. O exemplo do Cartaxo que nos últimos 40 anos foi gerido pelo PS, e o facto de ter passado para o PSD em 2021 é um “bom exemplo”. O vereador olha para este caso como uma boa forma de alternância, até porque sublinha “é a democracia a funcionar e se isso acontece no Cartaxo, também pode acontecer em Azambuja.” Para já, Rui Corça não assume uma candidatura às eleições autárquicas de 2025. Certo é que para já não se descortinam outros nomes.
Rui Corça refere, no entanto, que o PSD de Azambuja nem sempre consegue passar a mensagem que quer. O partido tem estado pacificado nos últimos anos, mas mesmo assim, são conhecidas algumas divergências públicas do passado, que continuam na memória de muitos. Corça assume também aqui a sua quota parte de responsabilidade, contudo, recorda que o PSD não tem os mesmos meios do PS para fazer campanha “e que com a exceção do Jornal Valor Local e de um mais um ou outro media, não existem mais meios de comunicação social a acompanhar a vida política autárquica em Azambuja com regularidade”.
Contudo o vereador diz não estar arrependido e sublinha que o seu regresso à atividade política em Azambuja há seis anos deveu-se à “inércia dos responsáveis políticos” e essa é uma premissa que ainda se mantém.
“Continuo a ver o meu concelho a definhar e sem uma estratégia para o meu concelho”, lamenta e interroga-se: “Se perguntar a cada um deles, como é que se querem posicionar daqui a 10 anos, o que querem ter daqui a 20 anos, não tem respostas.”
Contudo também aqui, o vereador do PSD, diz ter uma quota parte de responsabilidade “por não ter conseguido contribuir mais para esta alteração de protagonistas na Câmara Municipal”. Para o vereador, a situação até está pior e explica que “há uma manifesta falta de capacidade destes protagonistas em liderarem uma mudança, a transformação que o concelho de Azambuja precisa”, e argumenta que o atual executivo liderado por Silvino Lúcio “não tem essas competências”.
Rui Corça argumenta com a dificuldade de não se conseguir debater assuntos que considera relevantes no executivo. “As nossas discussões esbarram numa parede sistematicamente. A resposta é sempre a mesma: Argumentam que foram eleitos pelas pessoas, e apenas as ideias deles é que contam. Não apresentam explicações nem justificações”.
Para o vereador, “há uma espécie de um jogo de sombras que esconde aquilo que é importante”. E por isso nesta perspetiva “se não mudamos estamos na mesma”. “Tenho esperança de que os munícipes de Azambuja de uma vez por todas, tirem essa conclusão, e que não podemos continuar a ficar para trás como estamos a ficar face aos nossos concelhos vizinhos”.
Rui Corça aproveitou o momento para lamentar que o pavilhão da Secundária de Azambuja ainda não esteja concluído, depois de avanços e recuos. O vereador critica a atuação do município e acusa o executivo de investir em áreas que não considera prioritárias, como o concerto de Tony Carreira, que custou perto de 100 mil euros.
O autarca é ainda crítico da falta de alternativas à logística e alerta para os perigos do Aveiras Eco Valley, que se espera possa vir a ser uma realidade. Rui Corça recorda que as estruturas viárias podem não suportar um maior número de veículos e sublinha faltar outro tipo de estruturas para acomodar os trabalhadores durante a construção.
No plano da saúde, Rui Corça, lamentou aquilo que chamou de inércia da Câmara Municipal. O autarca recorda os avanços e recuos para a colocação de médicos no concelho, e acusa a Câmara de ir à “boleia” da CERCI – Flor da Vida, que ficou agora responsável pela colocação de sete médicos de recurso no Centro de Saúde. A autarquia vai suportar parte dos custos com os clínicos, ainda assim o vereador do PSD, considera que o município poderia ter ido mais longe nesta matéria.