O Governo descarta, para já, qualquer possibilidade de abolir as portagens de Alverca. À margem da cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo cais fluvial da Castanheira do Ribatejo, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, foi taxativo ao afirmar que “a existência de portagens é essencial para o financiamento do sistema rodoviário”.
Segundo o governante, a rede viária nacional tem sofrido com anos de desinvestimento, sublinhando que “temos um gap de cerca de 800 milhões de euros relativamente ao que deveria ser investido na manutenção da infraestrutura rodoviária sob a responsabilidade da Infraestruturas de Portugal”. Acrescentou ainda que “não podemos querer investir e ao mesmo tempo prescindir das receitas que sustentam esse investimento”.
Estas declarações surgem em resposta ao presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, que defendeu na mesma cerimónia a transferência das portagens de Alverca para a Castanheira, de forma a aliviar a pressão sobre as estradas nacionais. “O Governo deve ponderar, nas suas negociações com a Brisa, a transferência das portagens para a Castanheira, incentivando assim a utilização da autoestrada”, declarou o autarca. Ferreira destacou ainda a importância da zona da Castanheira como uma “porta de entrada estratégica na capital”, integrada nos planos de desenvolvimento do Porto de Lisboa.
Apesar de recusar alterações ao modelo atual das portagens, o Governo manifestou disponibilidade para avançar com melhorias no transporte ferroviário de mercadorias. Hugo Espírito Santo admitiu que está em análise a criação de um ramal ferroviário para a zona logística da Castanheira, aproveitando a quadruplicação da Linha do Norte atualmente em curso. “A proximidade da zona logística à linha torna possível este investimento, que contribuirá para reforçar a competitividade da Grande Lisboa e do país no contexto europeu”, referiu.
O fim das portagens em Alverca tem sido uma batalha de quase todos os partidos e já esteve em cima da mesa na Assembleia da República, mas não chegou a ser aprovada.