O PSD e o CDS querem uma reunião urgente da Assembleia Municipal para que sejam reprovados os dois maiores projetos em perspetiva para o concelho no domínio da energia fotovoltaica. Para marcar essa sessão, é necessário um número de assinaturas mínimo que os dois partidos ainda não conseguiram recolher. Em causa a Central Fotovoltaica da Cerca, cujo processo de consulta pública terminou a 23 de fevereiro, com previsão de instalação de 458 mil painéis solares, entre as freguesias de Aveiras de Baixo e Vila Nova da Rainha, terminando no Camarnal, concelho de Alenquer, e o da Torre Bela, na União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro, cuja avaliação de impacte ambiental termina a um de março, com previsão de 638 mil 400 painéis. O presidente da Câmara de Azambuja já confirmou que para o concelho virão apenas estes dois projetos numa reunião que teve com o socialista João Galamba, também secretário de Estado da Energia. Em declarações ao Valor Local, Luís de Sousa que já disse que vai dar luz verde aos projetos, adianta agora que o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, já lhe referiu que se o concelho não votar favoravelmente, o Estado invocará o interesse público nacional e não terá dificuldades em fazer avançar os dois projetos.
Já o deputado do PSD e presidente da comissão de Ambiente na Assembleia Municipal, António Jorge Lopes, defende que o seu partido nada tem “contra a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis” como é o caso da obtida através de campos de painéis solares, mas não quando se fala em “mega centrais que no seu conjunto vão acabar por condicionar entre sete a oito por cento do território municipal” que assim ficará refém destes projetos económicos durante um período de 30 anos, o tempo expectável para a exploração de energia através dos empreendimentos que se pretendem instalar. “Temos obrigação de tomar decisões perante opções que não trazem riqueza nenhuma para o concelho”, refere, lançando o dado quanto aos postos de trabalho – “Entre as duas centrais não chegamos a 20 empregos, mas teremos milhares de hectares ocupados”, faz a comparação. O autarca fornece a estratégia que no seu entender deveria ser seguida pelo município – “Deve analisar de per si todas as propostas que se queiram implementar em função da distribuição no território, pois qualquer dia passamos a ser conhecidos por sermos aquele concelho que ficou todo tapado por painéis solares”.
Confrontado com o facto de o projeto a implantar na Torre Bela estar previsto para uma área onde até à data o proprietário mais não fez do que plantar eucaliptos, não se desenhando qualquer outro uso mais relevante para o local, responde que “a devastação ambiental não deixa de ser uma preocupação pois o eucalipto também contribui para a descarbonização”. O Valor Local sabe que o Governo já começou a pressionar alguns municípios que não querem este tipo de projetos nos seus territórios e a este propósito Jorge Lopes acrescenta – “Mal feito será se os autarcas não conseguirem impor a sua vontade naquilo que é o seu território, e já muitos rejeitaram este tipo de empreendimentos que não trazem riqueza e no nosso caso já se fala em nove centrais. Não se pode entender isto de forma leviana”.