Margarida Lopes é a nova cara do PSD à Câmara Municipal de Azambuja. Após o insucesso da coligação com o CDS-PP há quatro anos, que alcançou apenas 25,74% dos votos, a candidata apresenta-se agora sem parceiros e com críticas à anterior estratégia do seu próprio partido. “O Rui Corça foi apenas mediano. Não conseguiu cativar nem mobilizar as pessoas. Faltou-lhe proximidade”, refere.
Questionada sobre a crise que afeta o Governo PSD, nomeadamente nas áreas da Saúde e Administração Interna, Margarida Lopes desvaloriza qualquer impacto local. “As pessoas votam nas pessoas”, atira. No entanto, não deixou de sentir algum embaraço quando questionada sobre a circunstância de a atual ministra da Saúde ainda não ter recebido os autarcas da região sobre o problema do hospital de Vila Franca de Xira, considerando que “a seu tempo irá recebê-los”.
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A saúde é uma das suas principais bandeiras, prometendo criar uma Unidade de Saúde Familiar modelo C e reformular o atual regulamento de apoio à fixação de médicos, criticando o valor “irrisório” de 400 euros mensais oferecidos atualmente pela gestão de Silvino Lúcio. Ainda assim, a proposta de 2.500 euros que revela nesta entrevista levanta dúvidas sobre a viabilidade orçamental. Questionada sobre o impacto no erário municipal, respondeu: “Se for preciso cortar nas gorduras, corto.” Os valores gastos nos eventos e nas contratações de serviços para a Feira de Maio e afins são algumas das áreas que garante analisar à lupa, no sentido de levar por diante o necessário ajuste financeiro.
Na educação, compromete-se com a requalificação da Escola Secundária de Azambuja, orçada em 12 milhões de euros, ainda que não esteja claro até ao momento quando é que o Governo vai avançar com a verba. “Comigo a obra vai avançar. O PRR está a acabar, mas esta Câmara deixou passar todas as oportunidades.”
Margarida Lopes quer romper com modelo de gestão do PS em Azambuja: “Prometeram tudo, fizeram pouco”
A candidata nesta entrevista não poupou críticas à atual gestão socialista. Com um orçamento municipal recorde de 34 milhões em 2025, acusa o executivo de baixa execução e de prometer obras estruturais que ficaram pelo caminho. “Dizem que já executaram 70% do programa eleitoral. É falso. Até junho estavam nos 38%.”
No centro das críticas está também o modelo económico do concelho. Para a social-democrata, Azambuja tornou-se “um entreposto de logística” e falhou na atração de empresas inovadoras. Critica duramente o investimento municipal num gestor de inovação com uma avença de mais de 65 mil euros repartida por três anos: “Não vi qualquer inovação. Comigo tem de haver resultados.” Uma das suas propostas passa por criar um Departamento de Projetos Estruturantes, atrair investimento com equipas técnicas “competentes” e rejeita nomeações políticas: “Não vou buscar amigos nem políticos profissionais.”
A nível cultural, propõe remodelar eventos como a Ávinho — “que deixou de promover os vinhos locais” — e moderar nos gastos com artistas de topo. “O palco da Ávinho custou mais do que as festas todas do Cartaxo. É preciso negociar melhor.”
Na habitação, avança com o projeto “Mais Casas, Mais Vida”, com construção de habitações ecológicas a custos controlados. “Nos primeiros quatro anos, queremos 50 casas. Em oito anos, 100.”
Promete ainda rever os contratos da concessão de água e resíduos, acusando o município de passividade perante serviços mal prestados: “Pagamos uma das águas mais caras do país. Os contentores transbordam. Há falta de civismo, mas também de fiscalização.”
Sobre segurança, aponta os números do RASI: criminalidade subiu 11,36% em Azambuja. “O problema existe e não se pode fingir que não está lá.”