O candidato do Chega à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Barreira Soares, defende que “há um desejo claro de mudança no concelho” e assume-se “candidato à vitória”. Em entrevista à Rádio Valor Local, o atual vereador sublinha a ascensão do partido e recorda a eleição de 2021: “Ninguém esperava que elegêssemos um vereador numa autarquia muito à esquerda. Dei tudo o que tinha.” Reconhece, porém, ausências em reuniões de Câmara após a eleição para deputado, justificando que “há trabalho que também se faz na Assembleia da República em benefício do concelho”.
Sobre a governação local, acusa PS e PSD de convergirem: “Há um grande teatro. O PSD foi, constantemente, o apoio do PS. A responsabilidade tem de ser bipartida.” Rejeita arranjos de bastidores: “Não queremos ‘tachos’. A democracia faz-se com todos, mas com responsabilidade assumida.” Se vier a liderar a autarquia, promete abrir a gestão a todas as forças eleitas, “mesmo com maioria absoluta”, garantindo “poder de execução e escrutínio”.
(Ouça a entrevista na íntegra a Barreira Soares, candidato à Câmara de Vila Franca pelo Chega)
A limpeza urbana e a gestão de resíduos são bandeiras. O candidato critica “equipamentos degradados, falta de manutenção e desmotivação” nos serviços, propondo “uma empresa dedicada à recolha de monos, com marcação e recolha à porta”, e o reforço de videovigilância em pontos críticos: “Temos tecnologia para identificar infratores e atuar.” Aponta falhas operacionais: “Há dias em que não se sabe quantas pessoas vão trabalhar. É preciso gestão em tempo real: contentores, rotas e prioridades.”
“Temos de dar incentivos financeiros aos médicos que sejam suficientes”
Na saúde, Soares descreve “centros de saúde com infiltrações e cantinas impróprias” e responsabiliza a transferência de competências “aceite sem diagnóstico e sem verbas adequadas”. Defende “resolver rapidamente as condições dos equipamentos” e uma estratégia para fixar clínicos: “Os incentivos serão os necessários até termos médicos suficientes.” Paralelamente, pede “formação de mais médicos a nível nacional” e admite parcerias com instituições sociais: “Se o Estado não responder, será uma vergonha nacional.”
Habitação Social tem de ir “para quem realmente trabalha”
Quanto à habitação, critica o que chama “facilitismo” da resposta social: “A habitação social deve servir quem realmente não consegue trabalhar ou tem limitações. O objetivo é elevar rendimentos e autonomia.” Reage a estereótipos étnicos muitas vezes atribuídos ao Chega: “Somos todos iguais, todos devem contribuir.” Em paralelo, considera positiva a habitação para classes médias e investimento privado: “Quanto maior o poder de compra residente, melhor para o comércio e para o emprego.”
No urbanismo, aponta “liderança frágil e falta de transparência”, reclamando “auditoria externa logo à entrada” e acesso efetivo à informação: “Pede-se e não se recebe.” Sobre investigações da Polícia Judiciária, diz não se surpreender com buscas e pede “celeridade no apuramento de responsabilidades”. Na educação, fala em “parque escolar muito degradado” e equipas “sem meios técnicos”; exige flexibilidade financeira do Estado face à inflação de custos e “mais pressão política” do município.
Eventos municipais: Devem ser patrocinados por privados e serem a pagar
Em mobilidade, insiste no “fim das portagens em Alverca, deslocando a barreira para o Carregado”, e em vias circulares para aliviar a EN10, alertando para impactos da quadriplicação da Linha do Norte em Alhandra e VFX: “Faltaram contrapartidas mais robustas.” Sobre eventos municipais, defende financiamento misto: “Patrocínios e receitas próprias para aliviar impostos”, complementado por um cartão do munícipe com vantagens locais.
No plano da segurança, rejeita criar Polícia Municipal: “É uma moda dispendiosa que se paga com mais multas.” Prefere reforçar meios e protocolos com GNR e PSP, “com contrapartidas claras”, admitindo rever posição apenas se falharem.
Atual presidente de Câmara “é arrogante”
Dirigindo críticas diretas ao presidente em funções, Fernando Paulo Ferreira (PS), fala em “arrogância” e “fecho da informação”, apesar de reconhecer “conhecimento profundo da máquina”. Conclui com a promessa de “mais pressão sobre Lisboa, Bruxelas e embaixadas para captar investimento tecnológico e melhor emprego”: “Queremos resolver problemas com ciência e gestão, fazer mais com menos.”