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Hospital de Vila Franca vai criar grupos de psicoeducação para as famílias

O departamento de Psiquiatria do Hospital de Vila Franca de Xira está a sofrer uma grande reestruturação a começar pelo novo diretor de serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, Gustavo Jesus, mas através também de “uma equipa renovada” com o “objetivo de dar resposta às populações”. Neste momento, o hospital tem 8 médicos psiquiatras, embora “ainda não sejam os suficientes”, de acordo com o novo diretor de serviço. Uma das novidades em breve passa exatamente pela criação de uma estrutura de apoio aos familiares de doentes portadores de doença mental.

“A família é muito importante nesse acompanhamento porque tem a missão de ajudar na adesão à terapêutica, estar atenta aos sinais de recaída e permanecer em contacto também com a equipa de saúde. O doente esquizofrénico, por exemplo, não tem noção de que tem a doença. Para ele está tudo bem. Por isso mesmo vamos implementar grupos de psicoeducação para que os familiares aprendam sobre a doença mental”. Este acompanhamento “faz muita diferença na vida das pessoas”.

Portugal é o segundo país da Europa com maior prevalência de doença psiquiátrica apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte

Mas o departamento de Psiquiatria está também a sofrer outras alterações que passam “pela melhoria do internamento de adultos”, mas igualmente a nível da vertente de “ambulatório” na Psicologia e Psiquiatria na Infância e Adolescência. O próprio serviço de urgência psiquiátrica “melhorou as suas condições”. Com a criação da nova Unidade Local de Saúde (ULS) do Estuário do Tejo em que a gestão dos cuidados de saúde primários a nível dos centros de saúde e o hospital estão sob a mesma direção será mais fácil identificar logo numa primeira fase os doentes que precisam de encaminhamento para a especialidade através dos clínicos de medicina geral e familiar. “Devo elogiar a importância que este conselho de administração dá aos problemas da saúde mental porque tenho conhecido uma grande abertura da parte da direção clínica e da administração que tenta satisfazer ao máximo os pedidos do departamento”.

Portugal é o segundo país da Europa com maior prevalência de doença psiquiátrica apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte e como tal é elevada também a prescrição de fármacos como antidepressivos. Estamos a falar mais em concreto de doença mental comum como seja a ansiedade ou a depressão. Quisemos saber por que razão o nosso país ocupa esta posição. Gustavo Jesus responde: “Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Penso que as causas são multifatoriais. Até pode existir uma carga genética, mas é algo desconhecido. Condicionantes ambientais como stress psicológico que advém de situações familiares, socioeconómicas, etc, podem levar a depressões também em conjunto com causas biológicas”. A própria pandemia levou ao agravamento de quadros de depressão.

A resistência à toma de medicação quando se está em presença de doença mental é um dos grandes motivos de preocupação e isso acontece não só nos quadros depressivos, mas também nas doenças mais graves como a esquizofrenia ou os transtornos bipolares. “Muitos doentes recusam vir a esta consulta porque acham que não são maluquinhos. Ainda existe muito um certo estigma”. Gustavo Jesus tranquiliza os doentes diagnosticados com depressão assegurando que atualmente os antidepressivos são fármacos muito avançados e sem efeitos secundários valorizáveis “ao contrário dos primeiros antidepressivos dos anos 60 ou 70”. “Os fármacos são mesmo muito eficazes quer no tratamento da doença comum quer nos casos mais graves, e são bastante bem toleráveis”.

Atualmente as terapias medicamentosas de nova geração no âmbito da saúde mental são altamente eficazes

No caso das doenças como a esquizofrenia a medicação tem um efeito que é capaz de eliminar os sintomas psicóticos associados como a sensação de se ouvir vozes ou sentir que se está a ser perseguido. Mas também muito importante é a reabilitação ocupacional e cognitiva. “Estes doentes podem ser reintegrados completamente na sociedade”. No caso da doença bipolar com episódios maníacos e depressivos alternadamente, e possibilidade de sintomas relacionados com quadros psicóticos “a farmacologia existente é também muito eficaz”. Se assim for “consegue estabilizar a sua vida”. Muito importante é que os familiares incentivem estes doentes a tomar sempre os medicamentos dos quais não podem prescindir para o resto da vida. “O abandono da terapêutica farmacológica vai no sentido da recaída. Os tratamentos também podem ser ajustados se o paciente não se estiver a adaptar a um determinado fármaco”.

Se os antidepressivos são vistos como tendo uma carga negativa, a maioria da população não hesita muitas vezes em automedicar-se com as denominadas benzodiazepinas de que são exemplo os conhecidos xanax, e diazepan, indicados para casos de insónias e estados de ansiedade, porque “o vizinho ou o conhecido os tomou e deu-se bem com eles”, quando estes medicamentos “são mais causadores de dependência do que os antidepressivos”. “Não é que esses fármacos sejam prejudicais, mas têm de ser prescritos por um médico”, aconselha, voltando a salientar que recuperar a qualidade de vida na doença mental é possível se o doente não facilitar na toma da medicação.

Ler artigo seguinte:

Governo atrasa criação de novas equipas de saúde mental na comunidade

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