O vereador do PSD na Câmara de Alenquer, Nuno Miguel Henriques, apontou numa das últimas reuniões de Câmara aquilo que considera ter sido um erro crasso do município ao ter deixado passar a intenção da empresa do ramo logístico, Santos e Vale, de poder fazer circular pela Rua dos Bons Amigos, na Passinha, cerca de 20 veículos pesados por hora. Até à data havia a dúvida sobre qual a quantidade de camiões que poderia passar ou não na via em causa. Vinte camiões por dia era o número de que todos estavam convencidos.
A documentação à qual o Valor Local teve acesso demonstra que o número é de 20 camiões por hora, embora em alguns documentos da empresa de tráfego encarregada de fazer o estudo à época, 2016, para o empreendimento em questão se afirme, a dada altura, que estaríamos na presença de 20 veículos diurnos. “Obviamente que se tratando de um centro logístico com 77 portas nunca poderíamos falar de 20 camiões por dia”, referiu Nuno Miguel Henriques. Entretanto, já deu entrada no Tribunal de Alenquer a providência cautelar dos habitantes da Casais Novos que querem impedir a circulação de camiões pela Avenida da Juventude e Rua do Batalheiro.
Em reunião de Câmara, o vereador do PSD, salientou que o caso é grave demais – “A Câmara ou não tem visão ou não tem capacidade e então assim é melhor fechar a porta”. “Estes documentos são graves porque as inverdades foram à comunicação social e isto não abona nada a favor de um estado democrático”.
Contactado o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, este dá conta que o estudo de tráfego datado de 2017 dava conta da passagem de 20 camiões por dia. O autarca refere que a informação de 20 camiões por hora não é do seu conhecimento. O Valor Local teve acesso aos dois estudos da empresa de tráfego e as duas informações completamente contraditórias e que impactaram na vida da população daquela zona da freguesia de Alenquer estão presentes. Procurámos perceber qual das duas seria a mais recente, mas nem o presidente da Câmara nem Nuno Miguel Henriques souberam precisar. Recorde-se que o tribunal no recente caso em que decidiu a favor da população da Passinha terá tomado como boa a informação de 20 camiões diurnos, porque é este o número que agora está autorizado a circular na Rua dos Bons Amigos.
Uriel Oliveira, morador em Casais Novos na zona onde agora transitam os camiões impedidos que estão de circular em número superior a 20 por dia na Passinha, refere que os moradores na providência cautelar interposta evocam que o tráfego de camiões da empresa nunca esteve previsto para aquela artéria que não é referida nos estudos e documentação entregue. Município e empresa já foram notificados. “Sei que a relação da empresa com a Câmara está no limite e que a Santos e Vale já anda a ver se vai para outro lado”.
Os moradores esperam conseguir o que os vizinhos da Rua dos Bons Amigos alcançaram este ano e que o trânsito seja proibido. A ser assim, a empresa ficaria sem alternativas, a não ser que o município consiga resolver o imbróglio da desafetação de 450 metros de terreno privado para público para a construção de uma variante, embora as negociações com o proprietário não estejam fáceis. Segundo os últimos dados apurados pelo Valor Local, o dono dos terrenos queria mais 700 mil euros do que aquilo que o município pretende pagar. A expropriação e pode estar em cima da mesa.
Entretanto foram feitos alguns melhoramentos em Casais Novos tendo em conta o cenário em causa de constante movimento de camiões, que passaram pelo asfaltamento das artérias mas a sinalização semafórica não foi colocada atém à data com vista a diminuir a velocidade dos camiões e causar menor impacto.
