Chama-se “As Más”, o espetáculo que durante o mês de novembro, teve quatro apresentações no espaço do Clube Vilafranquense. Trata-se da versão portuguesa da peça “Malas”, do Espanhol Miguel Galindo Abellã, e é a segunda montagem teatral do Teatro dos Sete Lemes, uma companhia teatral amadora e que é parte integrante da Associação Alves Redol de Vila Franca de Xira. Depois de em 2023, a partir de Dario Fo e Franca Rame, ter levado a cena o monólogo “Enclausuradas”. Paulo de Cira traz-nos agora a encenação de um julgamento. O julgamento de seis mulheres, seis personagens. Personagens estas que aos olhos do público que assistia ao espetáculo, eram consideradas criminosas, tanto na ação, como na instigação dos crimes que aconteciam nas obras teatrais das quais faziam parte. Assim, Carla Feitor, que vem da primeira produção (era ela a intérprete de Enclausuradas) interpreta a Lourença de Fonteovejuna, juntam-se a ela, Paula Batista, Zai, Sofia Lixa, Susana Veloso, Isabel Teresa e Susana Real, que dão vida à tragédia grega “Medeia”, criada por Eurípedes. O Valor Local, esteve à conversa com o Encenador Paulo de Cira e com as atrizes, Zia, Isabel Teresa e Paula Batista.
Foram quatro representações, cerca de 500 espetadores no total. Segundo Paulo de Cira, foi bom, sinal de que o público aderiu ao espetáculo e assim sendo, os objetivos foram cumpridos. Segundo o encenador, um dos objetivos de qualquer companhia é formar públicos de teatro e o Teatro dos 7 Lemes, está a consegui-lo e acrescenta que se o teatro em geral e estes grupos em particular tivessem mais apoios para a produção de espetáculos, o público não deixaria de marcar presença nesses espetáculos, porque a qualidade está lá, quer seja na encenação ou no texto trabalhado, seja amador ou profissional, tem que se levar o que se faz a sério, tem que haver rigor e compromisso. Muitas das vezes, a diferença entre o teatro profissional e o amador, está em que uns ganham e outros não.
Questionadas sobre como foi preparar este espetáculo e a criação das personagens, as atrizes referiram que existiu um trabalho de dramaturgia e um grande apoio do encenador, na contextualização das personagens e das peças originais. Depois segundo Zia, quando se tem uma ideia, é trabalhar para incorporar a personagem. A estreante Paula Batista diz-nos que leu o original de Eurípedes para ter uma ideia de quem era realmente a Medeia. Já para Isabel Teresa, a personagem de Bernarda Alba, não lhe é estranha, pois interpretou-a numa encenação que Paulo de Cira fez da obra de Llorca no ano de 2019.
Depois do Club Vilafranquense, As Más, vão andar por aí, quer seja no concelho de Vila Franca de Xira, como fora dele. Para Fevereiro de 2025, o Teatro dos 7 Lemes, prevê estrear uma nova produção. “O Cerco a Leninegrado” de José Sanchis Sinisterra.