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Candidaturas à Unesco podem revelar-se “nefastas” para o património

No edifício da biblioteca da Merceana, o clube Unesco pesquisa sobre as tradições orais em vias de extinção, fábulas, contos, costumes, e não só. O projeto que é liderado por José Barbieri, diretor da cooperativa cultural Memoria Imaterial, levou a cabo a candidatura do Pintar e Cantar dos Reis a Património Imaterial Nacional. O objetivo do município de Alenquer passa por uma candidatura à Unesco. José Barbieri considera que tem todas as condições para lá chegar, mas considera que existe o reverso da medalha neste frenesim nacional, por parte de vários municípios, de verem consagrado um ou outro aspeto da sua cultura como património da Unesco.

Na Merceana, no polo da biblioteca municipal, o clube Unesco tem levado a cabo diversos workshops e palestras com o objetivo de elucidar sobre “o que é isto do património cultural e imaterial”, porque esta “ainda é uma zona do conhecimento relativamente nova”. “Essas atividades normalmente são frequentadas por vereadores, técnicos municipais, e técnicos de museus”, explica. Para José Barbieri mais do que hipotéticas candidaturas à Unesco, importa que um município “reconheça perante a sua comunidade que determinada manifestação cultural é importante e faz parte do património cultural e imaterial da região”. No seu entender, a Câmara de Alenquer fez esse percurso com o Pintar e Cantar dos Reis, ao também ter sido um agente revitalizador da tradição que passou a ter maior adesão por parte da população nos últimos anos, até com a criação do Centro de Interpretação do Pintar e Cantar do Reis.

A pressão por parte das Câmaras Municipais para que os seus patrimónios entrem nesta espécie de clube exclusivo que é a Unesco Internacional é muito acentuada. São regra geral processos muito longos que podem levar entre um ano a ano e meio na Unesco Nacional, depois mais dois ou três na Unesco Internacional. Nem sempre as tradições suportadas em festas com grande potencial turístico são as que têm mais probabilidades, “porque o mais importante é o quanto aquela comunidade se reconhece em determinada manifestação”.

“Não só em Portugal, mas a nível mundial, começaram a considerar esse reconhecimento da Unesco como uma espécie de prémio. Não faz a ideia de quantas vezes, a estrutura da Unesco se queixa que não tem técnicos nem orçamento que chegue para avaliar candidaturas de todas as partes do mundo”. Sucede que, entretanto, algumas comunidades que viram o seu património reconhecido decidiram retirar-se da lista do inventário da Unesco, “porque estavam a matar a tradição, dada a avalanche turística que essa classificação alcançou em dada altura”.

Pintar e Cantar dos Reis não o Carnaval de Torres

Será a tradição do Pintar e Cantar dos Reis cada vez mais conhecida tendo em conta o investimento que tem sido realizado pela Câmara, e acompanhado pela população? José Barbieri considera que sim, mas salienta que quem vive em localidades como Ota, Abrigada, Labrugeira, Espiçandeira, Olhalvo, entre outras também “não está propriamente interessado em que haja aqui um turismo massivo em torno da tradição”, porque “podia estragar completamente o espírito da noite de 5 para 6 de janeiro vivido por aquelas pessoas”. “Não é como o Carnaval de Torres (que já está na lista da Unesco para possível classificação como património da humanidade) que quanto mais gente vier melhor”.

O investigador fala numa tradição importante que apenas é acompanhada por outras aldeias no concelho do Cadaval e na aldeia de Chã, Sobral de Monte Agraço, mas sem a mesma dimensão. Um dos aspetos do Pintar e Cantar dos Reis que mais o surpreendeu foi a recuperação, por parte da população, de uma das aldeias do concelho de Alenquer, de uma canção que já existia nuns versos de um cancioneiro do século XVII, “sem que tivesse existido praticamente nenhuma mudança dos versos”. Um facto que se torna extraordinário se pensarmos que à época as pessoas “na sua larga maioria não sabiam ler nem escrever”. Este é um caso de “resiliência cultural”, e hoje até os mais jovens que se juntaram à tradição também a cantam.

Nesta altura a Memoria Imaterial dedica-se ao inventário da tradição do Círio de Olhalvo à Senhora da Nazaré. Consiste, grosso modo, numa romaria, das gentes daquela freguesia, que se perde no tempo até à Nazaré, onde se deu o Milagre de Dom Fuas. Se antes a população rumava em carroças, hoje vai de trator, atrelados, bicicletas. José Barbieri fala em 60 pessoas que cumprem atualmente esta tradição, que depois implica ficarem uns dias na Nazaré hospedadas, quando antigamente acampavam pela localidade.

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