Nascida no Alto Alentejo, em Galveias, Ponte de Sôr (é, portanto, conterrânea do muito premiado José Luís Peixoto) veio cedo, aos sete meses de idade, para Arruda dos Vinhos e como tal considera-se uma arrudense de criação e coração. Catarina Gaspar assim se chama a autora que visitou a Rádio Valor Local para participar no Ler é o melhor Remédio especial com Nuno Vicente e Mónica Guerra. Até 2013, exerceu a profissão de solicitadora, e a partir dessa altura tem vindo de desempenhar funções autárquicas. É a presidente da Assembleia Municipal de Arruda dos Vinhos. Casada e mãe de duas filhas, que considera o centro do seu mundo, esta mulher não acredita em coincidências, mas acredita na poesia e na arte. Porque diz, “são coisas que não têm uma utilidade prática, mas que são transformadoras do homem, naquilo que ele deve ser… Humano.”
Editou alguns livros em parceria, e a solo. Na poesia é autora de “Momentos”, “A Esmeralda e o Rei”, este um desafio do escritor Paulo Pimentel que escreveu uma história narrativa intitulada a “Esmeralda do Rei” e desafiou Catarina a escrever um conjunto de poemas baseados na mesma história. E nasceram assim dois livros independentes, que acabam por se completar um ao outro. Ainda no campo da poesia, no final do ano passado, saiu à rua, o livro, “Se a vires diz-lhe que já não me faz falta”. Já na área do conto, escreveu “Mulheres Azuis”. Um livro em que conta histórias de várias mulheres e das suas vivências. Um tema que também entusiasma a nossa convidada, como a qualquer arrudense, é a Bruxa de Arruda, uma curandeira do início do século XX, quando foi criado um manual para que todos conhecessem a mística personagem. Catarina foi uma das autoras. Quando se fala de literatura e educação, não podíamos falar com alguém de Arruda dos Vinhos, sem falar de Irene Lisboa.
Irene Lisboa “é uma inspiração”
Para Catarina Gaspar, Irene Lisboa é uma inspiração, “como mulher da liberdade que foi”, “alguém à frente do seu tempo que sofreu e ‘pagou’ porque teve um pensamento para a educação que ainda hoje, quase 60 anos depois da sua morte, não está totalmente implantado”. A nossa convidada está inclusive a preparar uma biografia da pedagoga arrudense.
Falando da sociedade atual, Catarina Gaspar, sente que existe uma falta de vocação para a cidadania e isso tem que ser alterado através das gerações futuras, e foi na sua condição de autarca, que criou as assembleias jovens, “onde tenta se tenta plantar essa semente para uma nova mentalidade nos jovens”, um grupo etário no qual Catarina muito acredita.