A Praça do Município de Vila Franca de Xira foi, na passada sexta-feira, o palco simbólico escolhido pela CDU para apresentar José João Oliveira como cabeça de lista à presidência da Assembleia Municipal. Num discurso que combinou tom institucional com denúncia crítica, Oliveira apontou a “apatia política”, a “degradação do espaço público” e o “marasmo democrático” como marcas da atual gestão municipal, defendendo uma viragem profunda na forma como se encara a Assembleia Municipal enquanto órgão central da democracia local.
Para o candidato, ser presidente da Assembleia Municipal “é um compromisso com todos os que vivem, trabalham ou estudam no concelho” e uma missão orientada por “transparência, exigência e participação”. Na sua análise, o concelho vive mergulhado em “desigualdades territoriais” e num clima de desmotivação cívica, onde “o debate político perdeu seriedade” e o papel da Assembleia tem sido esvaziado.
“A CDU é hoje a única força com capacidade para romper com a passividade instalada e devolver dignidade à Assembleia Municipal”, afirmou José João Oliveira, que se apresenta como independente, mas alinhado com o projeto comunista para o concelho. A sua intervenção insistiu na importância de recuperar a Assembleia como “espaço de debate real e fiscalização efetiva”, criticando o que considera ser uma atuação formalista e inoperante da atual maioria.
Cláudia Martins, que interveio como membro da candidatura e atual rosto da CDU em Vila Franca, elogiou o percurso associativo de Oliveira e a sua ligação ao território, salientando a sua presidência nos Bombeiros Voluntários de Alhandra como exemplo de dedicação à causa pública. Martins defendeu que o candidato representa “uma presidência atenta, com sentido de serviço e compromisso democrático”, e sublinhou a necessidade de devolver à Assembleia Municipal “a centralidade que nunca devia ter perdido”.
Num discurso de forte crítica à governação socialista, que gere o concelho há 28 anos, Cláudia Martins acusou o PS de ter instrumentalizado os órgãos autárquicos e de ter esvaziado a vida democrática local, apontando o abandono do movimento associativo e a centralização das decisões como sinais de um modelo de gestão esgotado.
Ambos os discursos convergiram na ideia de que a CDU é “um espaço de convergência” para todos os que rejeitam a resignação e acreditam na possibilidade de uma alternativa. A candidatura à Assembleia Municipal foi apresentada como parte de um projeto mais vasto de regeneração democrática, com foco na escuta ativa, no respeito pelas freguesias e no reforço do papel fiscalizador da Assembleia sobre o executivo camarário.
A escolha dos Paços do Concelho como cenário não foi inocente. “É precisamente aqui que deve começar a mudança”, afirmou Cláudia Martins. E foi com esse simbolismo que se encerrou a sessão: com o apelo a que os Paços voltem a ser “da e para a população”.