Em comunicado a Comissão de Utentes do Concelho de Benavente, diz que investir em teleconsultas para utentes sem médicos de família não é solução, contrariamente ao que chegou a alegar em reunião tida com a administração da Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo (ULSTEJO) no dia 24 de abril, tendo inclusivamente pedido para que este sistema começasse a ser implantado também naquele concelho. Aquela comissão afeta ao Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) diz-se cansada com as constantes reorganizações dos cuidados de saúde primários, “mas os problemas relacionados com a falta de médicos e enfermeiros mantêm-se”. Para aquela comissão, as consultas por vídeoconferência são vistas agora como “causadoras de eventuais constrangimentos”, “não sendo solução” para os 11 mil utentes sem médico de família do concelho de Benavente.
Em comunicado a ULSTEJO estranha a posição da comissão de utentes que vai no sentido inverso daquilo que foi assumido inicialmente, e acrescenta ainda que “a modalidade de vídeoconsulta, projeto que está implementado em Vila Franca de Xira, Alenquer e Benavente, tem colhido índices de satisfação muito positivos, sobretudo ao dar resposta a utentes sem médico de família que, sem esta alternativa, não teriam acesso a cuidados de saúde atempados.” Num trabalho levada a cabo pelo Valor Local, in loco, a nossa reportagem esteve no centro de saúde do Forte da Casa onde recolhemos, em março deste ano, opinião positiva quer por parte de utentes, quer de autarcas. Só no primeiro mês e meio permitiu a consulta a 2000 pessoas que estavam há muito sem conseguir consulta naquele centro de saúde que está sem médicos de família. Esta modalidade que acaba por ser um recurso face às carências que são conhecidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) já foi saudada pelos vários autarcas do concelho de Vila Franca de Xira.
“Estranhamos a posição da Comissão de Utentes de Benavente por se manifestar contra mais uma resposta que facilita o acesso a cuidados de saúde para utentes sem médico de família”, dá conta aquela ULS. “A modalidade de vídeo consulta será implementada, brevemente, no concelho de Azambuja. Em Arruda dos Vinhos não existe a necessidade de implementação deste sistema de consulta pois, muito em breve, este concelho terá 100 cem por cento da população abrangida por médico de família”, acrescenta
Esta não é a primeira vez que a comissão de utentes de Benavente se opõe a soluções complementares ou alternativas sempre que se verifica carência de médicos de família. Em setembro do ano passado, aquela comissão em conjunto com as dos concelhos vizinhos de Azambuja, Alenquer e Vila Franca de Xira tentaram demover o movimento de Azambuja de avançar com o projeto Bata Branca, o que levou Armando Martins e Pedro Gago da Comissão de Utentes de Castanheira e Cachoeiras a abandonarem a comissão composta pelos vários movimentos.
A resposta está “na valorização dos problemas de carreira dos profissionais, e no cessar da sangria dos dinheiros orçamentados no SNS mas transferidos para o setor privado”, alude a comissão de Benavente.