A Rádio Valor Local promoveu, na Sociedade Filarmónica de Recreio Alverquense, um dos debates mais concorridos destas autárquicas em Vila Franca de Xira, com assistência próxima das 400 pessoas e transmissão multicanal, no passado sábado dia 27. No fecho, os comentadores Fábio Amorim e Francisco Bento analisaram o desempenho dos candidatos e as propostas em quatro eixos: higiene urbana, Vila Franca Centro, habitação e saúde. Os temas possíveis num debate de mais de duas horas que juntou sete candidatos numa das operações de maior fôlego do Valor Local.

Na higiene urbana, ambos sublinharam que o diagnóstico é consensual: o concelho enfrenta fragilidades na recolha e limpeza do espaço público. Francisco Bento notou conhecimento técnico generalizado e abertura a reforçar meios, incluindo soluções externalizadas, ainda que com custos acrescidos. Defendeu educação para a separação de resíduos e ecocentros mais próximos, citando modelos europeus com triagem por dias e benefícios ao consumidor. Fábio Amorim alertou que “mais orçamento” não chega por si; é preciso corresponsabilização do cidadão, rotas eficientes e articulação estreita com a Valorsul. Viu em Fernando Paulo uma postura mais prudente e sistémica e reconheceu a David Pato capacidade de detalhe enquanto vereador, embora critique a opção por empresa municipal como resposta “fácil” e dispendiosa.

Vila Franca Centro, o elefante no meio da sala

Sobre o dossiê Vila Franca Centro, Fábio Amorim qualificou o caso como “elefante jurídico” que se resolve por etapas, defendendo clareza entre o que é público e privado. Entregou vantagem tática à candidata da CDU, pela posição mais direta em centralizar serviços no equipamento, enquanto PS e PSD procuraram conciliar iniciativa privada e funções públicas. Francisco Bento sugeriu que o município promova um debate exclusivo em Assembleia Municipal e vê na instalação de ensino superior — com foco em ciências da saúde — um uso com potencial de atrair jovens e dinamizar o comércio local.

(Assista ao vídeo com os comentários de Fábio Amorim e Francisco Bento)

Na habitação, os comentadores consideraram o debate genérico, mas identificaram convergência na necessidade de mais oferta e parcerias. Amorim sublinhou a importância de articular mercado e políticas públicas, apontando ao executivo em funções uma visão mais “harmoniosa” do sistema. Bento defendeu projetos integrados com tipologias mistas — renda livre, custos controlados e habitação social — agregando escolas, serviços, espaços verdes e respostas para todas as idades, para evitar guetização e melhorar a coesão dos novos bairros.

Maioria dos candidatos quer regresso da PPP

Em saúde, a discussão ficou condicionada pela duração do debate. Ainda assim, houve reconhecimento transversal da gravidade do problema. Amorim considerou que propostas demasiado ideológicas (LIVRE e CDU) perderam tração face a soluções de curto prazo como casas de função, reforço de USF e contratações pontuais. Notou que a maioria dos candidatos admite o regresso da parceria público-privada ao Hospital de Vila Franca, pela experiência passada. Bento alinhou na ideia de pragmatismo: os cidadãos querem acesso e tempos de resposta, independentemente do modelo de gestão, lembrando que PPPs já tiveram resultados positivos na região.

Nas notas finais, Amorim atribuiu 7 a Fernando Paulo, 6 a David Pato e reprovou candidaturas que, no seu entender, ficaram presas a posturas ideológicas ou a desconhecimento do território. Bento aproximou a disputa entre PS e coligação “Nova Geração”, atribuindo 7 a ambos, e defendeu respeito institucional como chave para o dia 12. Em síntese, os comentadores reconheceram dois caminhos: continuidade com previsibilidade e oposição com ambição executiva, deixando ao eleitorado a escolha do rumo. O debate confirmou que higiene urbana, Vila Franca Centro, habitação e saúde serão decisivos na decisão dos vila-franquenses.