Depois de ter garantido a aprovação do interesse público municipal por parte da Câmara de Azambuja, no verão do ano passado, a empresa Sonae Arauco vai mesmo implantar um Centro de Recuperação e Tratamento de Resíduos de madeira em Vila Nova da Rainha. Segundo nota de imprensa da Sonae Arauco feita chegar às redações durante esta semana, este centro no Norte de Lisboa a par de outro mais a sul, que também vai surgir entretanto, pretende complementar a atividade de outros três no país da mesma empresa. Esta indústria vai instalar-se na Quinta da Malhada Velha, numa área de 25.800m2.
Na altura da votação do interesse público municipal em 2023, a oposição expressara várias reservas sobre este investimento e Inês Louro, do Chega, dá conta que a Câmara não se preocupou em dar mais informação sobre este investimento, que possui uma componente de transformação e aproveitamento de resíduos de madeira provenientes da atividade da Sonae e dos seus armazéns em Azambuja. “Ficámos desde logo numa posição desvantajosa porque o presidente foi visitar um dos centros da Sonae do mesmo tipo e não fomos convidados”. “Depois não temos qualquer tipo de informação quanto a questões como o impacte rodoviário, o arrecadamento de impostos municipais com este projeto; o número de trabalhadores que vai empregar e se esta indústria será causadora de poluição e problemas ambientais”. Já Rui Corça também opina que pouco ficou esclarecido quanto “ao ruído e às poeiras” tendo em conta “que a população de Vila Nova da Rainha viria a conviver demasiado perto dessa indústria”. O autarca teme o aumento do fluxo de camiões e defende que possa ser construída uma via alternativa de acesso à Nacional 3, algo que será acessível a uma empresa como a Sonae Arauco e outras da área da logística que operam na zona. De resto “a empresa à partida e vamos ver se vai cumprir, trabalhará em horário limitado e colocará barreiras para limitar o ruído”.
Silvino Lúcio, presidente da Câmara, confirma que a autarquia está a diligenciar com as demais empresas da zona a criação de uma via alternativa para servir aquela plataforma industrial. Ao abrigo do PDM “temos ali um conjunto de terrenos que serão reclassificados”. A Soane Arauco ainda não levantou a licença para começar as obras. O Valor Local contactou a empresa no sentido de questionar para quando o início das mesmase o seu prazo de conclusão mas nada nos foi adiantado. O autarca confirma que visitou uma unidade do mesmo tipo no Seixal também da Sonae Arauco e diz que “não presenciou nem ruídos nem poeiras”. O fluxo de camiões que a Nacional 3 pode esperar será entre 10 a 12 camiões por dia.
Sonae dá a conhecer o investimento neste setor
Em comunicado, Rui Correia, CEO da Sonae Arauco, dá conta que este aumento do número de centros de reciclagem de que Azambuja faz parte relaciona-se com uma estratégia que visa “incorporar mais madeira reciclada nos seus produtos”. “Há 40 anos, a reciclagem de madeira não existia. Antecipando a tendência da circularidade dos materiais, arrancámos com este projeto em 1984 e, desde então, temos vindo a fazer inúmeros investimentos na área, seja com a aposta em novas tecnologias de tratamento desta matéria-prima nas nossas unidades industriais, seja aumentando a nossa capacidade para receber mais madeira reciclada, nomeadamente através dos nossos centros.” E acrescenta: “Apesar da reciclagem ser, desde há muito tempo, estratégica para a Sonae Arauco, a verdade é que hoje em dia se apresenta como vital para os objetivos de sustentabilidade e para a competitividade do negócio.”
Neste sentido, nos próximos dois anos, a Sonae Arauco tem previsto um investimento de cerca de 13 milhões de euros para assegurar os seus objetivos de integrar mais madeira reciclada. Em simultâneo, a empresa está a desenvolver tecnologias inovadoras para possibilitar a incorporação de fibras de madeira recicladas em soluções MDF.
A operacionalização da reciclagem de madeira dos centros é feita graças a cerca de 700 contentores disponibilizados pela Sonae Arauco, em Portugal e Espanha, para recolha direta de resíduos nas instalações dos seus clientes, desde paletes a embalagens, mobiliário, portas, construção, resíduos urbanos, entre outros. Os subprodutos da indústria, como placas, serradura ou estilha são também usados e voltam ao processo industrial.