O candidato do Chega à Câmara Municipal de Benavente, Frederico Antunes, não perde tempo em palavras mornas. Em entrevista à Rádio e Jornal Valor Local, o autarca estreante, mas com experiência política noutros concelhos, define desde logo o mote da sua candidatura: “limpeza necessária”. Uma expressão que, diz, traduz a urgência de romper com “esquemas de compadrio, amiguismo e trocas de favores” que, na sua visão, marcam “50 anos de vícios” no município.
Antunes garante que a primeira missão de um eventual executivo chefiado por si será “desatar os nós” da máquina camarária, sobretudo no urbanismo, que acusa de travar licenças “propositadamente” e de favorecer “quem é amigo”. “Quem quer construir habitação ou fixar uma empresa em Benavente vive um pesadelo”, afirma. Como exemplo de oportunidade perdida aponta a Mercadona, que “acabou por se instalar em Almeirim”. Questionado sobre a ausência de casos concretos, responde que os revelará “durante a campanha”, recusa-se a responder, alegando “confidencialidade”.
(Ouça a entrevista com o candidato do Chega à Câmara de Benavente, Frederico Antunes)
Mas o programa do candidato não se esgota na denúncia. Frederico Antunes elege a habitação como prioridade absoluta. Quer “desbloquear a construção”, promovendo habitação pública a custos controlados e incentivando a iniciativa privada para baixar o preço do metro quadrado, “o mais caro do Ribatejo”, garante.
A educação e inovação surgem como segundo eixo. O candidato quer criar um “hub tecnológico” e um polo universitário em articulação com formação técnico-profissional, sobretudo nas áreas da agrotecnologia e da indústria alimentar. “Os jovens pós-9.º e 12.º anos são forçados a sair porque não têm onde estudar”, nota, defendendo parcerias público-privadas e o aproveitamento de espaços municipais.
Na saúde, Antunes critica a “falta de promoção” para fixar médicos. Lembra que o Chega propôs uma verba de 100 mil euros para esse efeito sem resultados e defende que a autarquia comparticipe os honorários, à semelhança de Azambuja. Sobre o protocolo Bata Branca com a Santa Casa da Misericórdia, recusa a ideia de que esteja “a correr mal”, mas reconhece carências de profissionais e investimento.
Candidato quer creche municipal
O candidato não esquece a falta de creches, que considera “sufocante para as famílias”. Diz ter reunido com a Fundação Padre Tobias e vê a nova creche prevista para Samora Correia — orçada em três milhões de euros — como “desajustada” face ao número de crianças abrangidas. A sua solução passa por “reforçar instituições existentes, avançar com uma creche municipal e atrair privados”, defendendo um modelo “liberal e aberto”, em contraste com o que chama de “prisão ideológica comunista” da CDU.
O candidato também se defende de acusações de proximidade a outros partidos, nomeadamente PS e PAN, que classifica como “difamação miserável” e “montagens” promovidas, segundo afirma, por elementos ligados ao PSD.
Caso seja eleito, promete que as primeiras três medidas serão “dar vida a espaços públicos abandonados”, lançar um plano de “rearborização com envolvimento das crianças” e “reforçar meios de segurança e socorro”.