O Clube de Karaté de Aveiras de Cima conquistou vários títulos no campeonato nacional que decorreu, no início do mês, no Entroncamento. Neste clube que reúne cerca de 50 praticantes de todas as idades, mas sobretudo crianças, pratica-se os deveres de disciplina, respeito pelo adversário, resiliência e muitos pais do concelho de Azambuja, e não só procuram que os filhos neste desporto possam encontrar nesta família uma forma de treinarem o seu desenvolvimento pessoal, e saírem da frente da televisão e dos jogos de computador.
Lara Lucas, 11 anos, sagrou-se campeã nacional no Entroncamento no escalão kumite iniciados, menos 30 quilos. Começou muito cedo, aos 2 anos e meio, e hoje divide o seu tempo enquanto atleta entre o karaté e a ginástica onde também é uma colecionadora de medalhas. Mas mais do que os títulos do que mais gosta é do convívio com os amigos que tem no clube. Para conseguir trazer a medalha na mais recente competição defrontou “quatro adversárias”. Foi necessário preparar-se bastante antecipadamente. No total dedica por semana, seis horas ao karaté e seis horas à ginástica. Não tem preferência, mas gostava de um dia competir internacionalmente nas duas. Para ser um bom karateca é preciso- “sinceridade, responsabilidade e esforço”.
Já Beatriz Santos, 11 anos, karateca desde os três anos, também se sagrou campeã nacional em kumite iniciados infantil, mas na categoria de menos 37 quilos. A amizade do grupo e o facto de o mestre “puxar muito” pelos karatecas é fundamental para gostar de estar neste clube. “Gosto muito do karaté não trocava por outra arte marcial”. O campeonato nacional “foi muito puxado, mas por ter praticado muito, penso que mereci ganhar, estive muito atenta ao jogo do adversário”.
Melissa Ortet, praticante desde os sete, sagrou-se vice-campeã nacional kumite juvenis feminino, menos 40 quilos. Chegou a praticar zumba, mas mais recentemente veio para o karaté – “Experimentei e adorei”.
Filipe Lucas, mestre de karaté, explica que o clube já existe há 15 anos e passou por várias localizações. Atualmente, as aulas decorrem na Escola Básica 2,3 de Aveiras de Cima. Um dos principais motivos para que o clube seja tão procurado pelos pais prende-se com a necessidade de os retirar de casa da frente dos ecrãs e incutir-lhes o gosto por uma atividade que neste caso é desportiva. Algumas crianças praticantes desta arte marcial em Aveiras são acompanhadas por psicólogos “e temos muitos pais que nos confidenciam que houve uma mudança positiva no comportamento dos filhos com esta atividade. Não percebo muito bem como em três ou quatro aulas falam de uma mudança, mas fico muito contente quando isso acontece” O mestre explica que “quando se treina a exigência e o aperfeiçoamento, o ideal é que isso também passe para outras áreas da vida destas crianças”
“Posso ser suspeito, mas acredito que é uma modalidade que lhes acrescenta muito valor nesse sentido não só a nível físico e motor, mas também cognitivo”. Filipe Lucas está consciente da profusão de artes marciais no nosso país para todos os gostos e feitios, mas puxa a brasa à sua sardinha – “Penso que o karaté é das mais completas, não só nos valores que respeita, como na abordagem de todo o processo. Costumo dizer que logo assim que entram e ao fazerem a saudação, já estão a mostrar respeito ao espaço onde se encontram”. Os títulos vêm por acréscimo e desde há oito anos que o clube os tem vindo a conquistar nas várias competições nas quais participa.
