Paula Salema é a cabeça de lista do Chega à Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Foi convidada da edição mais recente do programa Hora Extra, emitido pela Rádio Valor Local, onde explicou o seu percurso político e as principais críticas que tem feito à governação socialista no concelho. A candidata confirmou que esteve ligada ao Bloco de Esquerda, mas diz que a experiência foi curta e suficiente para perceber que não se identificava com a ideologia do partido. Considera o Bloco radical e pouco aberto à diferença de opiniões. Depois de vários anos afastada da política, aproximou-se do Chega, onde milita há cerca de dois anos, e por onde se candidata à Câmara.
Paula Salema tem sido uma presença constante nas redes sociais com críticas ao executivo liderado pelo PS. Diz que, desde 2018, foi praticamente a única voz de oposição visível. Rejeita a ideia de que o PSD tenha cumprido esse papel e justifica a sua candidatura com a necessidade de “uma alternativa real e transparente”. O convite para ser candidata surgiu da concelhia local do Chega, que a considera alinhada com os valores do partido e com um discurso crítico que tem marcado presença pública.
Candidata quer apostar na criação de habitação social de emergência
Entre os principais problemas que identifica no concelho estão as falhas na recolha de resíduos, a poluição nas linhas de água e a degradação de espaços verdes. Paula Salema aponta ainda falta de transparência nos ajustes diretos e nas obras públicas, referindo derrapagens orçamentais e pedidos de empréstimos pouco claros. Defende também a necessidade de resolver o défice habitacional em Arruda, com medidas que vão além dos apoios à renda jovem. “Se não houver habitação disponível, os apoios não têm efeito”, refere. Considera fundamental a criação de habitação para arrendamento a preços acessíveis e habitação social de emergência, para situações pontuais como a de um idoso que viveu na rua e cuja situação apenas teve visibilidade após ser denunciada por si.
Se for eleita, Paula Salema quer fazer uma auditoria às contas da Câmara e das Juntas de Freguesia desde 2013. A auditoria será feita por entidades independentes. O objetivo é avaliar a gestão e propor correções. Pretende também rever os contratos com as empresas que cuidam dos espaços verdes. Quer rescindir com aquelas que, no seu entender, não estão a cumprir. Na área da segurança, propõe criar uma Polícia Municipal. Esta força complementar reforçaria o trabalho da GNR. Defende também mais iluminação pública. Considera que a atual é insuficiente e afeta a segurança e a criminalidade. Prevê ainda um plano de intervenção nas vias. Inclui o mapeamento de zonas de risco, substituição de espelhos e sinais danificados e reforço da iluminação.
No setor da saúde, reconhece que o centro de saúde local funciona relativamente bem, mas considera grave a situação do Hospital de Vila Franca de Xira, com urgências encerradas com falta de recursos humanos. O Chega de Arruda pretende ainda exigir que empresas que se instalem no concelho tenham sistemas próprios de tratamento de efluentes, para evitar o agravamento da carga na ETAR e contribuir para a despoluição das ribeiras.
Polícia Municipal é uma das prioridades
Outras medidas incluem a criação de cuidados paliativos ao domicílio, através de parcerias já alinhavadas com profissionais da área. Esta resposta, diz, faz falta no concelho e será uma prioridade. Em resposta à pergunta sobre com quem estaria disponível para fazer um acordo para governar, caso não consiga maioria, Paula Salema é perentória: com o PS, não. Afirma que qualquer entendimento passaria sempre pela validação da direção nacional do partido, mas rejeita qualquer apoio ao atual executivo. Diz que se o objetivo for manter tudo como está, “então mais vale não fazer acordo nenhum”.
Entre as prioridades para os primeiros 100 dias, destaca a auditoria financeira, a revisão dos contratos de manutenção dos espaços públicos, a criação da Polícia Municipal e o início de um plano de ação para segurança rodoviária e despoluição das ribeiras. Considera que a gestão socialista está esgotada e que Arruda precisa de uma nova abordagem, mais próxima dos cidadãos e com foco nos problemas concretos.








