A época invernal está tradicionalmente associada ao aumento das infeções respiratórias. Apesar dos vírus respiratórios circularem durante todo o ano, é nesta altura que encontram as condições ideais de transmissão. O facto de haver menos sol, tempo mais húmido, com maior recolhimento das pessoas em espaços interiores e menor arejamento dos mesmos, facilita a transmissão de microrganismos por via respiratória.
As infeções respiratórias são mais frequentemente causadas por vírus e associam-se a um impacto discreto no bem-estar dos indivíduos saudáveis. No entanto, em idosos ou pessoas com doenças respiratórias ou da imunidade, onde se inclui a diabetes mellitus, a repercussão da infeção pode ser grave com potencial infeção secundária por bactérias, necessidade de cuidados hospitalares e possibilidade de múltiplas complicações.
A medida de controlo de infeção com maior impacto nestes casos baseia-se na vacinação. As vacinas permitem ao individuo adquirir defesas para determinados microrganismos, evitando ou minimizando os seus efeitos na pessoa vacinada.
A vacinação contra a gripe e COVID-19, gratuita para as pessoas com maior risco de infeções graves, é recomendada com regularidade anual, permitindo reforçar a imunidade e garantir o ajuste às variações naturais dos vírus.
A pneumonia por pneumococo, doença potencialmente grave, pode também ser prevenida por vacina. Atualmente a vacina permite uma administração única, sem necessidade de reforço. Esta vacina é recomendada em indivíduos com idade maior ou igual a 65 anos e é gratuita no Serviço Nacional de Saúde para alguns grupos de doentes com maior probabilidade de doença grave.
As vacinas, como todos os medicamentos, estão associadas a reações ligeiras locais e gerais aquando da sua administração. Apesar de alguma relutância pontual relativamente à sua administração, muitas vezes por crenças pouco fundamentadas, a experiência com milhões de pessoas comprova que os benefícios de prevenção das doenças das vacinas ultrapassam largamente eventuais efeitos secundários.
Na inevitabilidade de adoecer, é de responsabilidade individual proteger família, amigos e colegas de trabalho. Na presença de sintomas respiratórios (tosse, expetoração, obstrução nasal, febre), a forma de evitar da transmissão da infeção a outras pessoas baseia-se em medidas gerais, amplamente divulgadas no contexto da pandemia. A prevenção da transmissão faz-se através da etiqueta respiratória, higiene regular das mãos, com água e sabão ou solução de base alcoólica, e uso de máscara por pessoas com sintomas e pelas pessoas mais vulneráveis. Os aglomerados sociais, pela proximidade entre pessoas e consequente facilidade de transmissão, devem ser evitados. Da mesma forma, o contacto com as pessoas cujo estado de saúde predisponha a uma doença mais grave, como idosos ou doentes oncológicos, deve ser evitado ou protelado, como forma de proteção destes.
São as medidas simples de prevenção de transmissão de infeções que mais eficazmente reduzem o impacto na saúde individual e garantem a segurança e funcionamento da comunidade. O Serviço Nacional de Saúde, através dos cuidados de saúde primários garantem o acesso livre à vacinação, permitindo a cada cidadão acesso às medidas que asseguram o seu bem-estar físico, mental e social.
Dra. Diana Fernandes, Médica Doenças Infeciosas
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos