Na última semana, tivemos notícias de violência que marcaram a rotação política inesperada de um país aliado, que define no Atlântico um eixo norte-sul ao lado de Portugal, celebrando o seu 75º aniversário. A Organização do Tratado do Atlântico Norte, surgida num contexto específico e assinada por 12 países fundadores, incluindo Portugal desde 1949, reforça em 2024 as linhas de defesa exigentes e cruciais, sem fechar as fronteiras no que toca ao esforço de guerra visível que a Ucrânia trava desde fevereiro de 2022.
A semana começou com os Estados Unidos no centro de acontecimentos súbitos. No dia 13 de julho, sábado, acordei com a notícia de que Donald Trump, magnata americano, tinha sido alvo de um atentado. A distância do seu discurso político motivou opositores e a confiança dos seus seguidores, que não merecem que a política seja um ajuste ou um bárbaro ataque de ódio. Quando se impõe um discurso de ódio, estamos todos à distância de uma orelha. Nem com a presença manipuladora das redes sociais, muleta eleitoral do radicalismo político, quero definir que o local do comício na Pensilvânia sofreu um atentado, e não que o alvo tenha sido claramente o ex-presidente e candidato à Casa Branca. Recuso entender que o golpe de sorte permita a Donald Trump colher a expressão de “novo lugar empático” junto de mais pessoas e do seu eleitorado. Recordo que nunca a violência deixou marcas de vitória ou de heróis pela paz. Pelo contrário, perdemos um homem de paz, um bombeiro que salvou a sua família, porque sentir e segurar não está na capacidade das armas, nem em esperas sobre telhados e no limite por falhas de segurança pessoal.
Nos dias seguintes, vi notícias e comentários que falam de capitalizar a imagem de um presidente forte contra um presidente frágil de saúde e com falta de vivacidade, mas a dignidade das palavras é um traço que a personalidade madura e realista mostra que o futuro é agora. Enquanto escrevia este artigo, surgiram notícias: poderão os Estados Unidos estar preparados para uma mulher presidente? Será ela a candidata certa para a aliança NATO? O mundo noticia que Biden “cede” para a sua vice Kamala Harris, que será possivelmente nomeada candidata e que, desde sempre, tem a pasta das migrações, o que pode dificultar a conquista da América dividida e segregada.
Por cá, temos um governo de coligação PSD-CDS-PP que lidera a política nacional há 100 dias, sem garantia de que o orçamento de 2025 será viabilizado pelo maior partido da oposição, que parece estar à procura da bússola que desorientou Portugal durante 8 anos. De facto, no norte-sul político do dia, António Costa está na Europa, teve apoio nacional e não deixou as contas tão certas como previa.
Tive oportunidade de ver parte da abertura dos trabalhos do debate do estado da nação no passado dia 17 de julho. Por segundos, até parecia, pela atenção dada pelos media, que estávamos a falar do orçamento de estado, afinal não! Pelas cavalitas da direita e esquerda, vi partidos a falar alto e a dizer pouco, e partidos como o CDS-PP a falar de desagravamento fiscal, referindo que deixamos para trás um ciclo de mau socialismo, com o parecer favorável dos consumidores, afirmando querer ver cinco medidas do programa do governo refletidas no orçamento de estado: redução do IVA na alimentação para crianças; vantagens fiscais para famílias com filhos e numerosas; incentivos para a construção de creches pelas empresas; medidas pró-deficiência para quem contratar acima das cotas legais; e redução do IRS sobre prémios de desempenho, numa medida pró-trabalho.
O CDS-PP escolheu a sala D. Maria II da Assembleia da República para, numa semana decisiva da história da NATO, nos dias 15 e 16 de julho, organizar e promover as jornadas parlamentares, com destaque para os temas “50 anos do CDS no parlamento”, “Portugal mais seguro” e “a defesa numa Europa em conflito”. As jornadas foram encerradas pelo Ministro da Defesa e atual presidente do CDS-PP, Nuno Melo.
A semana do CDS-PP terminou a norte, com a comemoração dos 50 anos do partido fundador da democracia num lugar histórico da cidade invicta. Eu, que cresci a norte, numa pequena aldeia de Barcelos, ouvia falar de forma calma e, por vezes, insegura da ação e visão política, estando longe de imaginar que, em 2021, as eleições autárquicas eram sinal da “ausência” do parlamento nacional, mas não das comunidades através dos seus representantes eleitos e concelhias que continuam a ter um peso determinante na vida do partido que se quer nacional e regional. O CDS-PP não precisa de cavalitas de ninguém; teve líderes marcantes, todos os dias está onde deve estar por mérito próprio. Para o CDS-PP, as autárquicas de 2025 serão a exaltação de que 50 anos são a segurança da nova força política do partido.
Os 50 anos de vida do partido não deixam esquecer que um dos seus ilustres fundadores não sobreviveu ao acidente de Camarate e que este regresso ao parlamento é também uma forma de honrar Adelino Amaro da Costa. Na política, existem dias sem golpe de sorte e sem mudança do destino pessoal. Amaro da Costa foi o primeiro ministro da Defesa civil, pertenceu ao núcleo duro do governo AD e foi um importante defensor da NATO. Sem arrogância, o 25 de novembro de 1974 tem inscrito o voo da democracia e liberdade.