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Flávia Pimenta: “Entre o ferro e a flor”

Falar de tourada, hoje, exige mais do que paixão, exige ponderação. Porque há quem a veja como arte, e há quem a veja com desconforto. Entre um lado e outro, a palavra certa nem sempre é fácil. Mas é necessária.

 A tourada não é apenas um espetáculo. É um traço da identidade, uma forma de viver o campo, o tempo e o corpo. É o gesto técnico, limpo e seguro, que desafia a força bruta com precisão. É o desenho feito com a capa, o passo firme, o silêncio da praça quando se adivinha algo grande. É uma linguagem. E, como todas as linguagens antigas, não se aprende num dia nem se entende de fora para dentro.

 A tourada é, para muitos, uma extensão natural do Ribatejo. Nasce do gado bravo, do campino, da relação entre o homem e o animal não como domínio cego, mas como um código de respeito, entre força e mestria. Quem entra na arena fá-lo com a noção clara de que está a pisar um espaço de exigência. De entrega. E de beleza.

 Entendo quem não veja assim. É legítimo. Há quem sinta desconforto, quem não compreenda, quem se afaste. E isso não desvaloriza a sua opinião. Mas também é justo pedir que se reconheça que, para muitos, este universo é feito de valores: coragem, disciplina, memória, cultura e não de agressão gratuita.

 O erro, nos dias que correm, não está na discordância (essa é saudável) mas na ausência de escuta. Reduzir a tourada a um cliché, ou insultar quem a aprecia, é negar a história de uma região. É fechar os olhos a uma prática que, ao longo de séculos, uniu comunidades, formou artistas e encheu praças de emoções verdadeiras.

 Os tempos mudam. A sociedade repensa tradições, ajusta-se. Mas há formas de mudar sem apagar. Há formas de evoluir sem perder a raiz. E, sobretudo, há formas de dialogar sem ferir.

 As praças, quando se abrem, abrem também a alma de quem entra. A festa brava com o seu simbolismo, o seu rigor e a sua estética continuam a emocionar quem a sente. E isso merece ser respeitado. Tal como merece ser respeitado quem não a sente da mesma maneira.

 Entre o ferro e a flor, entre a força e a forma, há um espaço de cultura que não deve ser ignorado.  Pois existem tradições que não se impõem nem se explicam: vivem-se.

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