Neste momento, a falta de médicos de família no concelho de Azambuja atinge já uma flagrante percentagem de 91 por cento. A autarquia informa, em nota de imprensa, que enviou, esta sexta-feira, uma carta à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reiterando “a exigência de medidas urgentes para resolver a grave situação de acesso à saúde no concelho”. O município exige que o Governo não descure este concelho, que foi o único da ULS Estuário do Tejo a não receber novos médicos no mais recente concurso.
A indignação sobe de tom – “Nenhum dos profissionais colocados tem escolhido Azambuja como local de trabalho, o que reflete uma falha grave no atual modelo de distribuição de médicos. O município reforça que a colocação de profissionais médicos é uma competência exclusiva do Ministério da Saúde, e que esse mecanismo não pode continuar a depender da vontade individual dos profissionais em detrimento das necessidades reais das populações.”
Na carta assinada pelo presidente da Câmara, Silvino Lúcio, é lembrado que a titular da pasta nunca se dignou a receber o município, não tendo o executivo ido além de uma reunião com um chefe de gabinete.
18 mil 706 pessoas não têm médico de família
Atualmente, cerca de 91% da população do Concelho de Azambuja está sem médico de família atribuído. De um total de 18.706 utentes inscritos, apenas 1.670 têm médico designado e, presentemente, encontra-se apenas um médico em funções em todo o concelho. Este cenário agrava-se ainda mais tendo em conta o elevado envelhecimento da população, com muitos cidadãos dependentes de acompanhamento clínico regular.
O município lembra que tem adotado várias medidas mitigadoras do estado de sítio da saúde no concelho como apoio à fixação de médicos, obras no centro de saúde de Alcoentre, e o protocolo Bata Branca com a Cerci Flor da Vida.
“A Câmara Municipal sublinha que esta situação é insustentável e discriminatória e que o Ministério da Saúde tem a responsabilidade última de garantir o acesso à saúde, em condições de igualdade em todo o território nacional”. A autarquia exige agora uma reunião com a ministra da Saúde, mais de um ano depois de ter iniciado funções governativas, ainda no anterior governo.