Está em marcha uma petição, levada a cabo, por munícipes afetados pela realidade do aterro de resíduos não perigosos da Triaza em Azambuja, tendo em conta que nas últimas semanas os maus cheiros provenientes daquela estrutura intensificaram-se levando a uma onda de indignação dos moradores. A petição online foi lançada no último fim-de-semana e conta com mais de 350 assinaturas até esta altura. Segundo o que o Valor Local apurou, vai ser ainda distribuído, na vila, um abaixo-assinado por alguns locais de maior afluência de público. A petição será depois apresentada junto do presidente da Câmara, Luís de Sousa, para que diligencie, referem os autores, tendo em vista o encerramento do aterro localizado na Quinta da Queijeira, a menos de 300 metros da vila de Azambuja.
Em comunicado enviado às redações, o PSD local pede também o encerramento do aterro alegando que o atual presidente de Câmara de tudo fez para que Azambuja passasse a conviver com a instalação gerida pelos grandes grupos do setor, como é o caso da estrutura em causa ligada à Mota-Engil e Urbaser. O PSD lembra ainda que a polémica não se restringe ao funcionamento mas também ao licenciamento, com as investigações em curso por parte da Polícia Judiciária. Para além dos maus cheiros, o aterro foi construído em cima de um lençol freático por onde passa a água destinada ao abastecimento público. Aquele partido conclui que vai continuar a bater-se nas diferentes instâncias pelo encerramento do aterro, que recorde-se foi licenciado em 2017 para um período de laboração de 30 anos.
Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia informou que tem providenciado junto da Agência Portuguesa do Ambiente e CCDR as diligências que considera necessárias face à recente questão da mistura de amianto com biodegradáveis no aterro, mas que continua à espera de respostas. Luís de Sousa garantiu que falará entretanto com o ministro do Ambiente e primeiro-ministro, se necessário for.
O vereador do PSD, Rui Corça, lamentou “a falta de empenho” do presidente da autarquia neste caso, para além de não entender “a gravidade do que está à vista”, e de se “refuguiar constantemente no facto de estar em curso uma investigação da Policía Judiciária ao licenciamento”. “Que eu saiba ainda não é arguido”, proferiu. Já o vereador da CDU, David Mendes, acusou o autarca do PSD de “andar a cavalgar politicamente” este caso. David Mendes disse, ainda, que o culpado por todo o estado de coisas, é Joaquim Ramos, anterior presidente de Câmara, que na sua opinião foi o grande impulsionador da vinda do aterro para Azambuja. Para si o aterro é uma realidade consumada, que nunca devia ter existido, mas até a lei está do lado dos operadores, pois no seu entender o decreto lei 183/2009 não deixa margem para dúvidas de que é possível a deposição de amianto e biodegradáveis, desde que o primeiro siga embalado para aquele tipo de estruturas. (A associação ambientalista Zero já veio dizer que esse procedimento pode revelar-se ineficaz, pois a acumulação de resíduos pode a médio-longo prazo fazer com que os sacos rebentem, e daí gerar-se uma cadeia de contaminação.) O PSD no seu comunicado junta – “Já existem fotografias que comprovam que as máquinas destroem os invólucros dos sacos que deviam impedir o contacto do amianto com outros resíduos”.
Na reunião de Câmara, Luís de Sousa deu a entender que as relações com Triaza, participada da SUMA, já conheceram melhores dias, e que um dos responsáveis terá mesmo dito que a autarquia deveria preocupar-se também com os maus cheiros produzidos pela Avipronto, e a descargas das suiniculturas para a ribeira do Valverde. A empresa terá dito ao autarca que a questão dos maus cheiros podia facilmente ser resolvida se a Câmara desse autorização para a abertura da segunda célula de laboração. Recorde-se que Luís de Sousa recusou-se a autorizar a operação, enquanto o processo de licenciamento estiver a ser investigado pelas autoridades. A empresa colocou a Câmara em Tribunal, mas foi dada razão à autarquia.