Fernando Paulo Ferreira, atual presidente da Câmara de Vila Franca de Xira e recandidato pelo PS, assume uma campanha “para vencer” e com continuidade. “O lema é ‘Seguimos juntos’. Creio que o trabalho realizado e as perspetivas para o futuro dão garantias para que as pessoas continuem a apostar em nós”, afirmou na entrevista à Rádio Valor Local, anunciando a apresentação pública da candidatura para 25 de setembro, às 21h, no Ateneu Artístico Vilafranquense.
Sobre críticas de distanciamento que por vezes mantém em relação aos munícipes, o autarca rejeita: “A proximidade no contexto autárquico é total. Uma semana de um presidente são sete segundas-feiras. Ouvimos empresários, trabalhadores e pessoas na rua.” Também em relação às reuniões de câmara, frisa que “são todas públicas” e com intervenção regular de munícipes.
(Ouça na íntegra a entrevista com o candidato do PS à Câmara de Vila Franca de Xira)
A articulação com as juntas mereceu atritos no mandato, mas Fernando Paulo Ferreira relativiza: “É natural que os presidentes de junta queiram sempre mais verbas. Nós aumentámos as transferências, atualizámos o pessoal reportando a 2016 e passámos a transferir mais um milhão de euros por ano.” Questionado se a verba é pequena face a um orçamento municipal de 156 milhões, responde que o reforço “ultrapassou os 20%” e que o objetivo é “serviço público próximo”.
Candidato quer mais um dia de recolha de lixo no concelho
Na limpeza urbana, reconhece dificuldades, mas garante investimento: “Temos hoje mais 13 viaturas e cerca de 100 profissionais, eram 80 e tal. Recolhemos mais resíduos do que antes; não é suficiente e vamos subir de seis para sete dias de recolha.” Aponta o “crescimento exponencial de depósitos ilegais” — pneus, restos de obra — que desviam meios da recolha doméstica. Entre as medidas, elenca equipas dedicadas, ecocentros móveis, mais ilhas ecológicas e lavagem mais frequente de contentores. Recorrer a privados “não está em cima da mesa”: “Temos investido para reforçar a capacidade pública.”
Na habitação, o atual presidente diz ter realojado “mais de 80 famílias” e estar a recuperar património municipal devoluto. Anuncia projetos para habitação jovem nas antigas vivendas das OGMA (Alverca) e a reabilitação do antigo Palácio da Flamenga, em Vialonga, com novo loteamento que inclui um lar da ABEIV. Sobre a crítica de que “em quatro anos só foram entregues 64 casas”, contrapõe a Estratégia Local de Habitação com “cerca de duas centenas de fogos” e reservas a custos controlados em novas urbanizações: “Na antiga Tertir (Alverca) isso já está previsto. Também isentámos IMT para jovens até 35 anos.” Defende, ainda, a atração de “novos mercados” como os nómadas digitais, sem esquecer “as famílias mais carenciadas”.
Futuro dos terrenos da antiga Armada para tribunal, complexo desportivo e habitação
Quanto ao futuro dos terrenos da Marinha, mantém a linha: tribunal Lisboa Norte e expansão do complexo desportivo, seguidos de um desenvolvimento urbano “à escala Parque das Nações”. “Não é inércia, é transformação: habitação, comércio, serviços e espaços verdes integrados na cidade.” Confrontado com o facto de este não ser o projeto inicial do PS com Alberto Mesquita, disse discordar, mas basta uma pequena pesquisa para verificar que estaria contemplada uma área para equipamentos relacionados com uma instituição do ensino superior, mais lazer e comércio e menos imobiliário.
No capítulo cultural, reage à acusação de gastos excessivos: “Se queremos reforçar o papel metropolitano, precisamos de eventos fortes.” Cita o Colete Encarnado “com presença recorde”, a Feira de Natal, o Xira Equestre e o Xira Soundfest — “rondou os 350 mil euros, vários dias e milhares de jovens”. Garante transparência: “Todos os contratos estão no Portal Base.” E lembra projetos financiados por fundos europeus com “custo praticamente zero para a Câmara”.
Reconhece necessidade de ajustes nos horários e percursos da Carris Metropolitana
Nos transportes, defende a entrada da Carris Metropolitana: “Temos praticamente o dobro dos quilómetros diários — de 80 mil para 145 mil — e o dobro dos utilizadores.” Reconhece ajustes após ouvir residentes, com reforço de frota em Vialonga e criação de circulares para ligar estações a bairros. “A pressão sobre a TML é permanente para alinhar horários com o comboio.”
Na economia, promete diversificação: logística, indústria e tecnologia, com destaque para o “Lisbon Campus”, investimento de “mil milhões”, e a transição energética na indústria. Em Alhandra, sublinha o projeto da CIMPOR, “185 milhões para uma revolução ambiental”. No turismo e reabilitação, menciona a Estalagem do Gado Bravo “em fase final de parecer da APA” e o aproveitamento dos antigos Silos. Sobre o problemático Vila Franca Centro, diz ter sido decisiva a concentração de propriedade: “Já há um titular com mais de 50%.” Defende solução privada integrada — comércio, habitação, serviços e estacionamento — e um plano municipal para mobilidade e rotatividade.
Eventual USF tipo C – “Depende da organização dos profissionais e do Ministério”
A saúde é “um dos grandes problemas”: “Mais de 40% da população sem médico de família.” Critica o encerramento noturno e aos fins de semana das urgências pediátricas e obstétricas e teme “o risco de fechar a maternidade”. Sobre uma eventual USF do tipo C patrocinada por uma IPSS, esclarece: “Depende da organização dos profissionais e do Ministério. Estamos em contacto, nomeadamente com a Misericórdia.”
Perante a pressão demográfica e a imigração, recusa estigmas: “Muitas pessoas que asseguram hoje a logística, a construção, a limpeza são imigrantes. O problema a combater são as redes de imigração ilegal.” E conclui com o lema: “Seguimos Juntos — ajudar-nos uns aos outros para ter uma vida melhor.”