Prestes a terminar aquele que é o seu terceiro e último mandato, Mário Cantiga, presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, refere que o grande traço distintivo dos seus mandatos foi o “seu coração”, porque considera ser “uma pessoa muito afável, disponível e empática”, sem falsas modéstias.
Foi em 2013 que venceu as eleições pela primeira vez para a junta já com as três freguesias agregadas e reconhece que cada uma tem as suas dificuldades. Todo o território contempla 20 quilómetros quadrados. Se em Alhandra, o problema são os transportes, em Calhandriz, as telecomunicações são o drama das populações. “As pessoas para verem um filme demoram mais do que um dia porque o sinal está sempre a falhar”.
Nos dois primeiros mandatos foi eleito pela CDU, mas divergências com camaradas de partido levaram à sua desvinculação dos comunistas em finais do passado mandato. Foi com naturalidade que aceitou o convite do PS para ser cabeça de lista pela mesma junta de freguesia, mas agora pelo partido que governa o concelho há várias décadas. Não esconde que teve sempre uma excelente relação com Alberto Mesquita, anterior presidente de Câmara. Com Fernando Paulo Ferreira também, “mas as coisas demoram mais tempo a ser resolvidas, parece que há mais burocracia”. Não esconde que enquanto foi autarca da CDU havia um controle do partido sobre o seu trabalho, agora com os socialistas ninguém mete o bedelho. “Até chego a dizer-lhes, epá se eu estiver a fazer alguma coisa mal, avisem!”. Mário Cantiga tornou-se militante do PS depois das últimas legislativas.
Limpeza urbana é quebra-cabeças no concelho e freguesia não é exceção
Um dos grandes problemas do concelho e da sua freguesia em particular relaciona-se com a acumulação de lixos, resíduos de obras, e de monos, algo que o município não está a conseguir controlar. “O que assistimos é que os monos são recolhidos da via pública e passadas umas horas está tudo na mesma”. “A Câmara, em determinado momento, compreendendo as dificuldades das pessoas, criou uma regra que permite que o munícipe faça uma obra e que meta até determinado número de quilos de lixo ao pé do Ecoponto, mas esses números acabaram por ser largamente ultrapassados”.
IP poderá estar a “esconder” o jogo e autarca exige explicações cabais sobre o papel do viaduto de Alhandra na quadruplicação da linha
Muito falada tem sido também a questão da quadruplicação da linha da CP tendo em vista o projeto do TGV, e as suas implicações na freguesia de Alhandra. Mário Cantiga sabe que haverá alterações, mas nada ainda lhe foi comunicado. “Ando aqui a fazer um pouco de pesca à linha nessa matéria, porque o presidente da Câmara disse que ia marcar uma reunião comigo e com o presidente da junta de Vila da Franca, mas ainda não se sabe de nada”. O autarca não pretende ser uma mola de travão do progresso, mas diz que quer ser devidamente esclarecido sobre a possibilidade de o viaduto que dá acesso à Nacional 10 ser ou não demolido. Este é um pormenor de grande importância que ficou mais ou menos obscuro nas sessões de esclarecimento com a IP. Se assim for a medida merece a sua firme oposição “porque está fora de questão aceitar que os camiões passem por dentro da vila”.
À margem da apresentação do traçado da Linha de Alta Velocidade Soure-Carregado, que decorreu na passada quinta-feira, em Azambuja, o Valor Local confrontou o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes, sobre esta dúvida do autarca de Alhandra. O responsável da IP furtou-se a qualquer esclarecimento nesse sentido, adiantando que este entre outros temas relacionados serão alvo de nova sessão pública no futuro no concelho de Vila Franca.