A edição de 2025 do festival Alma do Vinho, em Alenquer, será a última sob a presidência de Pedro Folgado, que termina funções devido ao limite de mandatos. O autarca sai com o sentimento de missão cumprida no que diz respeito à consolidação de um evento que considera “a maior marca deixada pelo atual executivo”.
Criado após as eleições autárquicas de 2017, o Alma do Vinho nasceu da vontade do município em valorizar e promover o setor vitivinícola local. “Queríamos mostrar à população de Alenquer e também a quem nos visita o que temos de melhor. O vinho é um elemento identitário e económico fundamental do concelho”, sublinha Pedro Folgado. Apesar das dúvidas iniciais por parte de alguns produtores, a Câmara assumiu a dianteira na organização e apoio logístico do evento, que hoje conta com de 37 produtores no total, dos quais cerca de 21 são do concelho.
O modelo do festival está praticamente consolidado desde 2017, com poucas alterações estruturais. A grande novidade deste ano será o cartaz musical, com destaque para a atuação da artista brasileira Daniela Mercury. “É uma aposta forte para o fecho de ciclo do nosso mandato. Acredito que trará ainda mais público a Alenquer”, refere o presidente.
A escolha por abrir o evento a produtores da região de Lisboa, e não apenas de Alenquer, foi estratégica. “Queríamos evitar um evento demasiado fechado. A CVR de Lisboa aconselhou-nos a alargar o âmbito, o que permite que o público conheça uma maior diversidade de vinhos”, justifica Folgado. Ainda assim, há espaço reservado para a promoção dos vinhos DOP Alenquer, numa tentativa de afirmar a marca local, que por vezes se dilui no rótulo genérico da região de Lisboa.
Com um investimento direto estimado entre os 350 mil e os 400 mil euros, o Alma do Vinho continua a ser um esforço financeiro significativo para o município, que nunca conseguiu atrair um patrocinador institucional de peso. “Houve tentativas, mas nunca se concretizaram. Ainda assim, temos o apoio da CVR, da Caixa Agrícola e outros parceiros”, explica Folgado.
Questionado sobre o impacto económico do festival, o presidente rebate as críticas de retorno limitado para o comércio local. “Está tudo esgotado em termos de alojamento. Há gente a comer, a dormir, a visitar. Há retorno, claramente”, defende. Este ano, a organização registou a venda de bilhetes para visitantes de cerca de 40 países, um sinal do crescente alcance internacional do evento.
Pedro Folgado reconhece que o setor vitivinícola enfrenta hoje dificuldades, como a diminuição do consumo global, tarifas internacionais e as alterações climáticas, mas acredita que o festival tem desempenhado um papel na promoção e valorização do território. “É um espaço de encontro, de celebração da nossa identidade e daquilo que produzimos com qualidade. Alma do Vinho é sinónimo de felicidade e prosperidade.”
Com a saída de cena de Pedro Folgado, fica o desafio para o próximo executivo: manter e fortalecer uma das principais apostas estratégicas de promoção de Alenquer na última década.