O comunicado divulgado, esta segunda-feira, pela concelhia do Chega de Azambuja contra a presença do cantor Nininho Vaz Maia na Feira de Maio, levou uma das autarcas mais visíveis eleitas por aquele partido a demarcar-se da polémica e a acusar o partido de estar a ser racista. Maria Pinto foi cabeça de lista do Chega nas eleições de 2021 para a Assembleia Municipal de Azambuja.
Numa declaração na rede de facebook argumenta que o comunicado foi uma ideia infeliz e rebate alguns dos seus argumento: “Sou totalmente contra este comunicado, pois em nada retrata os meus valores, a minha formação moral, a minha forma de estar na vida.”
“É lamentável que se diga que o artista em questão ofende os princípios do Mundo Rural, do Camponês, do Campino, do Cavaleiro, do Folclorista (…) mas ofende porquê? Por ser cigano? Por ser oriundo de um bairro ‘frágil’? Não será ele também um homem humilde? Que ama as suas gentes, o seu povo?”, começa por destacar. Quanto ao facto de Nininho estar a ser acusado de se envolver em rixas, rebate -“Por favor, sendo o Chega um partido com ideologias católicas, não deve nunca julgar o outro! Quem não tem telhados de vidro?”, e vai mais longe: “Quantos senhores simpatizantes militantes, políticos do Partido Chega têm um passado semelhante ou pior? E foram julgados em praça Pública? Não, não foram! E continuam impávidos e serenos…”
Maria Pinto argumenta que Nininho Vaz Maia ainda não foi julgado e que portanto não deve ser o Chega de Azambuja a fazê-lo. Já quanto ao facto de alegadamente não estar respeitar o homem ribatejano: “Então acabem com outros espetáculos que constam do programa da Feira de Maio, pois não retratam a nossa cultura, a cultura ribatejana, a cultura portuguesa!”
Para a autarca, o Partido Chega de Azambuja “deveria estar sim preocupado com os valores que se gastam nos variadíssimos concertos, quando esse mesmo dinheiro faz falta noutras coisas no nosso concelho!” A escassos meses das eleições autárquicas é para já uma incógnita as repercussões deste comunicado nas listas do Chega e a possibilidade de Maria Pinto voltar a fazer parte do projeto do Chega em Azambuja.