Desde que aconteceu a tragédia de Borba que consistiu no colapso da Estrada Nacional que liga aquela localidade alentejana a Vila Viçosa, no dia 19 de novembro de 2018, que provocou cinco vítimas mortais devido à falta de condições nas pedreiras de mármore, a contas com fissuras e escorrências de águas, que as campainhas de imediato soaram em Alenquer. A Câmara mandou encerrar ao trânsito a Estrada (Municipal 518) da Carapinha. Em declarações ao jornal em inícios de 2019, o presidente da Câmara, Pedro Folgado, sustentava que as obras de requalificação das pedreiras deveriam ser efetuadas pelas pedreiras da Calbrita e da Cimpor, mas até ao momento nada saiu do papel, e ao Valor Local a Câmara continua a dizer que não há nenhuma novidade no processo.
Instabilidade provocada pela atividade das empresas
O vereador da CDU na Câmara de Alenquer, Ernesto Ferreira, voltou a questionar do ponto de situação nesta obra, numa das últimas reuniões de Câmara, quando já passaram mais de cinco anos desde que se encontra fechada ao trânsito, quando antes era uma mais-valia para a população da aldeia do Bairro, na freguesia de Abrigada. As reuniões com as empresas têm decorrido a conta gotas ao longo dos anos, e a dada altura, por aquilo que foi dito por Folgado, uma delas não quereria proceder às obras.
O caminho que liga a Municipal 518 à Aldeia do Bairro está interditado desde 2018. A nossa reportagem, poucos meses depois, arriscou, e pôde presenciar no alto da colina onde se encontra a exploração os vários indícios de instabilidade. A Câmara instou as empresas a construírem um caminho alternativo, mas nesta como nas restantes matérias é ver para crer desde há cinco anos. Na Carapinha operam a Calbrita e a Cimpor/Agrepor. A estrada existente foi demasiado escavada ao arrepio do que está na lei, e a batata quente está desde essa altura do lado das empresas que laboram no local. “Têm a obrigação de fazer uma interligação às estradas existentes, que por sua vez ligam às localidades, como a outra fazia”, alertava Folgado em 2019.
Já nessa altura a de acordo com a Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente no Concelho de Alenquer (Alambi), os industriais não estavam a respeitar os limites dos planos de lavra e aproximaram demasiado as escavações da via pública que atravessa o local, criando com isso uma situação de risco. Por outro lado, e ainda segundo a Alambi, “as entidades fiscalizadoras demitiram-se das suas responsabilidades de fiscalização da atividade, fazendo crer aos industriais que podiam fazer tudo o que quisessem, e que os documentos legais inerentes ao licenciamento da atividade, eram mera burocracia que podiam ignorar depois de obtida a licença de exploração.”