Nas próximas eleições autárquicas de 12 de outubro de 2025, os partidos apostam forte nos seus deputados da Assembleia da República. Ao todo, quase uma centena concorre a diferentes cargos: 59 pelo Chega, 7 pelo PSD e 6 pela Iniciativa Liberal.
O Chega lidera claramente esta estratégia, apresentando 44 deputados como cabeças de lista às câmaras municipais e 15 às assembleias municipais. Apenas o líder, André Ventura, ficou de fora. Entre os nomes em destaque estão Pedro Pinto (Faro), Rita Matias (Sintra), Rui Paulo Sousa (Amadora), Rui Cristina (Albufeira) e Carlos Magno (Almada). No Porto, surge a polémica candidatura de Miguel Corte-Real, ex-PSD e antigo líder da assembleia municipal, agora candidato do Chega após não ter tido apoio no seu partido de origem.
Estas mudanças de partido levantam questões de credibilidade e ética. Quando políticos mudam apenas porque não tiveram espaço ou protagonismo, enfraquecem a confiança dos eleitores e deixam dúvidas sobre a sua verdadeira motivação. Exemplos não faltam: além de Corte-Real, também Lina Lopes, ex-PSD, concorre agora pelo Chega em Setúbal.
Pergunta-se: porque não vemos estes candidatos em municípios mais pequenos, como Portel ou Freixo de Espada à Cinta? Será falta de interesse pelas comunidades com menos visibilidade?
A política perde prestígio com estas atitudes. Deputados que hoje representam o país no Parlamento, amanhã procuram o poder local. Mas será realmente uma transição natural ou apenas mais um degrau na carreira política?
Nas capitais de distrito, preveem-se lutas intensas. Em Braga, o PSD no poder enfrentará Rui Rocha (IL). Em Faro, o duelo mais forte opõe Cristóvão Norte (PSD), conhecido pela sua dedicação ao Algarve, aos candidatos do Chega e do PS. Já no Porto, os eleitores terão uma verdadeira lista de opções: Pedro Duarte (PSD), Manuel Pizarro (PS), Miguel Corte-Real (Chega), Diana Ferreira (CDU), Sérgio Aires (BE) e vários independentes.
Lisboa será palco da já habitual batalha entre os grandes partidos, enquanto Sintra, Almada e Setúbal também prometem disputas acesas. Oeiras, porém, parece uma exceção: tudo indica que Isaltino Morais será facilmente reconduzido, num reconhecimento popular pelo trabalho desenvolvido após ter cumprido as exigências da Justiça
Estamos a assistir a um fenómeno curioso: deputados nacionais transformam-se, quase de um dia para o outro, em aspirantes a autarcas, como se a política fosse apenas um tabuleiro onde se muda de peça conforme a conveniência.”
“Aos olhos do eleitor comum, estas mudanças de partido e de posição soam mais a ambição pessoal do que a verdadeira vontade de servir a população.
As eleições autárquicas de 2025 vão ser, mais do que nunca, um teste à memória e à exigência dos eleitores. Será que a população vai premiar os que mudam de bandeira ou os que permanecem fiéis à sua causa?