O processo com vista à implantação de um supermercado Lidl em Azambuja continua a sofrer os mais diversos reveses. Em declarações ao Valor Local, o presidente da autarquia, Silvino Lúcio, constata que, mesmo depois de aprovado o interesse público municipal para aquela unidade comercial, que ficará situada paredes meias com o posto de combustível do Intermarché, na Nacional 3, o processo continua a não avançar no âmbito dos institutos públicos. Está cada vez mais em águas de bacalhau.
Desde que manifestou a intenção de abrir uma loja em Azambuja, em 2022, que o processo do Lidl tem andado para trás e para a frente nos corredores das entidades estatais. No início, a cadeia de supermercados não tinha sequer um contrato de promessa de compra e venda do terreno. O Valor Local apurou que os conflitos para a instalação da unidade referem-se ao facto de se encontrar caducado o Plano de Pormenor da Frente Urbana de Azambuja, a não ser assim seria mais fácil desafetar de Reserva Agrícola Nacional a parcela de terreno em causa. Se o novo PDM já estivesse em vigor também podia contribuir para “desencalhar” todo o conjunto de intenções, mas neste aspeto, a procissão ainda vai no adro, e não se perspetiva que este instrumento de gestão territorial esteja aprovado tão cedo.
Lidl tem de aguardar cerca de dois anos para submeter de novo o projeto
Silvino Lúcio, presidente da Câmara, elucida que o projeto recebeu parecer positivo da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) e do Ministério da Economia, tendo merecido indeferimento da Direção Nacional da Reserva Agrícola Nacional pela segunda vez. O município vai agora pedir a mediação desta questão que “atende a meia dúzia de metros” da RAN ao secretário de Estado da Economia, para que “haja bom senso nestas matérias”. Mas segundo o que apurámos o Lidl tem de aguardar cerca de dois anos para submeter de novo o projeto, isto de acordo com a lei. O nosso jornal sabe que a cadeia alemã estará a tentar começar do zero para apresentar algo um pouco diferente do inicial. O objetivo passa por regressar à casa de partida neste processo e assim superar o interregno de dois anos a que teria de se sujeitar.
O autarca dá conta que a cadeia de supermercados continua interessada em abrir uma loja em Azambuja, “mas com tantos constrangimentos não sabemos se não vão desistir”. O município aguarda, pois, que os desbloqueios possam ser permitidos até porque uma das contrapartidas que o Lidl vai dar ao concelho passa pela construção de um parque de estacionamento com 312 lugares não só para servir os seus clientes como os utentes da CP.
Oposição crítica de todo o processo
Ouvimos ainda a oposição sobre este estado de coisas. O vereador do PSD, Rui Corça, diz-se apologista de uma nova unidade comercial do tipo Lidl, mas na sua opinião o benefício em se construir três centenas de lugares de estacionamento que possam servir os utentes da CP não existe, dada a distância a que vão ficar em relação à estação. “O que fazia sentido é que a Câmara pedisse à IP para construir esse parque junto à estação, mas pelo que sei não estão disponíveis”.
Já a vereadora do Chega, Inês Louro, que sempre votou contra o projeto, por, à semelhança de outros, recorrer de forma abusiva à figura do interesse municipal, considera que “não faz sentido começar a casa pelo telhado e colocar-se ali o Lidl sem que exista uma planificação”. Caso contrário, afirma, “apenas se contribui para o crescimento descontrolado de Azambuja”. Recorde-se que a vila de Azambuja apenas possui três supermercados: Aldi, Intermarché e Mini-Preço e a necessidade de mais lojas deste tipo é reclamada pela população há largos anos.
O dono da bomba de combustível nao deve estar muito satisfeito com a concorrência