A situação das estradas nacionais sob jurisdição da Infraestruturas de Portugal (IP) continua a gerar descontentamento entre os autarcas da região Oeste. Luís Soares, vice-presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, em entrevista ao Valor Local, denota a sua frustração com o atraso nas obras de requalificação de diversas vias fundamentais para a mobilidade local, sublinhando o impacto negativo na economia e na qualidade de vida das populações.
No foco da crítica estão as estradas nacionais 115, 248, e 374. Embora a IP já tenha divulgado o calendário de intervenção para a Nacional 248, quanto às restantes, a indefinição mantém-se. Sobre a Nacional 115, Luís Soares referiu que o município reuniu-se há cerca de duas semanas com o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, tendo este prometido uma análise da situação. Segundo a IP, os projetos de reabilitação estão em fase de elaboração, com a empreitada a ser lançada apenas no final do ano.
A crítica do autarca acentuou-se ao mencionar que o abatimento da 115 já se arrasta há demasiado tempo. “Se fosse na Segunda Circular em Lisboa ou na VCI no Porto, já estaria resolvido”, afirmou, sugerindo que as periferias continuam a ser tratadas como de segunda linha no que toca à manutenção das infraestruturas rodoviárias.
A situação da Nacional 374 é particularmente paradoxal. De acordo com o vice-presidente, a via foi alvo de requalificação, exceto nos troços onde os abatimentos são mais graves — nomeadamente na ligação entre Sapataria e Póvoa da Galega, e novamente no concelho de Mafra. “Inexplicavelmente”, diz Soares, a IP “alega estar a preparar uma intervenção, sem data concreta para a sua execução”.
O atraso nas obras na ligação Sobral–Torres Vedras, considerada estratégica, é outro dos pontos críticos. A intervenção está prevista para começar com circulação alternada apenas no final de agosto, sendo que a alternativa atual implica desvios por estradas secundárias estreitas e congestionadas. “Demora-se o dobro do tempo a chegar a Torres Vedras”, referiu, sublinhando que os constrangimentos afetam diariamente estudantes, trabalhadores e empresas locais.
A falta de celeridade da IP nestas matérias tem vindo a agravar o isolamento relativo de várias localidades do Oeste, levantando sérias questões sobre a equidade territorial e o compromisso do Estado com as zonas não metropolitanas. Luís Soares não escondeu o tom crítico, ao apontar que estas obras são “problemas que afetam a economia, que afetam a ligação, a vida de quem trabalha, de quem está a estudar, e todos estão a ser seriamente prejudicados”.