Paula Simões, comerciante do mercado de Alenquer, está cansada de esperar pelo regresso ao espaço do Mercado Municipal de Alenquer que está há largos meses em obras, embora o vereador com o pelouro das Obras, em entrevista ao nosso jornal no passado mês de julho tivesse declarado que o mercado seria reinaugurado até setembro. O desespero começa a tomar conta de quem ali faz negócio, e que está há mais de um ano em tendas num estacionamento da Rua Triana. A comerciante foi à última reunião de Câmara onde lembrou as declarações do vereador Tiago Pedro ao nosso jornal, lamentando a falta de comunicação por parte do município nos últimos tempos. “Fomos descarregados ali e literalmente abandonados por este município que tem revelado perante nós uma tremenda falta de respeito”, queixou-se. Ao Valor Local, Pedro Folgado, presidente da Câmara, dá conta que a infraestrutura estará ao serviço dos comerciantes e da população no final de outubro.
A comerciante referiu que o negócio no mercado não lhe está a correr bem, e que se não fosse o ordenado do marido já teria ido bater à porta da ação social da Câmara. Paula Simões lembrou que mesmo na tenda as condições não são as melhores, porque “muitas vezes chegamos lá e o quadro elétrico está desligado”, “com as coisas todas estragadas dentro das arcas”. “Estamos fartos de mentiras”, não teve dúvidas em considerar.
Na resposta, o presidente da Câmara, Pedro Folgado, recusou as considerações da comerciante, referindo que nunca faltou diálogo ao longo deste longo processo das obras do mercado, que recorde-se sofreram diversas vicissitudes. A obra que arrancou em inícios de 2022 deveria estar concluída após seis meses, mas nesta altura já passou um ano e 9 meses. A remodelação do mercado custou até à data e segundo os últimos dados fornecidos pelo vereador Tiago Pedro, 1 milhão e 400 mil euros. “Surpreende-me que se sinta abandonada porque sempre falámos convosco, e sempre acompanharam a obra, que foi complexa”. O autarca demonstrou que nesta altura o mercado está praticamente pronto, faltando ultimar a parte elétrica, hidráulica e do Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (AVAC).
Paula Simões realçou que o estado de ânimo dos comerciantes anda pela rua da amargura, ao ponto de os vizinhos da zona onde está montada a tenda “já não nos suportarem”, estando “desejosos que possamos ir embora” para recuperarem o espaço de estacionamento. Outra comerciante do mercado, que também estava na reunião de Câmara atirou – “Senti sempre o apoio do vereador Tiago Pedro e do senhor presidente, o mesmo não posso dizer do senhor vereador Paulo Franco (com o pelouro das Atividades Económicas). Só o vi umas quatro ou cinco vezes e o senhor é que é o vereador do mercado e nunca respondeu quanto à questão de regulamento do estacionamento”, queixou-se para demonstrar o que considera ter sido o abandono do autarca durante este tempo em que os comerciantes mais precisavam de apoio. Paulo Franco que minutos antes referira que os atrasos na obra não eram da responsabilidade do seu pelouro, salientou que o estacionamento também não é da sua responsabilidade. “Faço o melhor naquilo que são as áreas que me são atribuídas, não me recordo de alguma vez me ter contactado, e eu não ter atendido o telefone”.
Quando entrar em funcionamento, o novo mercado será ocupado por cinco comerciantes, os que restaram depois de muitos terem abandonado a atividade ao longo dos anos. O vereador do PSD, Nuno Henriques, salientou a necessidade de uma discriminação positiva dos comerciantes quando regressarem ao mercado quanto à taxas e normas, tendo em conta o que sofreram nos últimos meses.
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