Fundada legalmente em 2018, a associação Pedalar Sem Idade Portugal trouxe para o país um movimento global que nasceu na Dinamarca, há mais de uma década, com uma missão clara: combater a solidão e o isolamento social através de passeios gratuitos em bicicletas adaptadas, os trixós, conduzidos por voluntários. Vila Franca de Xira é, desde 2024, um dos 12 capítulos ativos da associação, fruto de uma parceria direta com o município.
O projeto, embora simples na aparência — passeios de bicicleta para seniores —, procura ter impacto social, conforme dá conta ao Valor Local, Leonor Pedro daquela associação. Em Vila Franca, sete instituições já participaram regularmente, e há um esforço para chegar às pessoas que vivem em casa, sozinhas. Este segmento, , é o mais difícil de alcançar. Não por falta de necessidade, mas pela invisibilidade em que estas pessoas vivem. A associação reconhece esta lacuna e aposta, neste segundo ano de atividade, numa maior articulação com programas municipais e com a comunidade local para os identificar e envolver.
A operação é sustentada por um grupo de voluntários com financiamento público. Contudo, a sua escassez tem sido um entrave à expansão da atividade. Com apenas 15 voluntários ativos no primeiro ano em Vila Franca, o número de passeios está limitado à disponibilidade de quem doa o seu tempo. Este défice de envolvimento local compromete não só a eficácia da resposta, como fragiliza a sustentabilidade do projeto a longo prazo.
O financiamento do município é essencial. Embora o valor exato não tenha sido divulgado à nossa reportagem, o apoio financeiro e logístico garante que os passeios se mantenham gratuitos — um dos pilares fundamentais do movimento internacional Cycling Without Age, “ao qual o capítulo português está ligado”. “A gratuidade assegura equidade no acesso, mas depende de um compromisso público e cívico contínuo”.
Os testemunhos recolhidos junto dos beneficiários reforçam a pertinência da iniciativa. Mesmo inseridos em instituições com atividades regulares, muitos idosos sentem-se emocionalmente isolados. Um passeio ao ar livre, com um voluntário disponível para ouvir, pode ser mais do que um momento de lazer — pode ser uma oportunidade de conexão.
Há desafios estruturais que precisam de resposta: o reforço do voluntariado local, a melhoria da articulação com redes de proximidade, a criação de novas rotas seguras, e uma maior presença no tecido comunitário.