A liberdade é um dos pilares fundamentais da democracia. Mais do que uma palavra consagrada em constituições e discursos políticos, é uma conquista diária, construída e protegida pela participação ativa dos cidadãos, pela transparência das instituições e pelo compromisso ético dos eleitos.
Celebrar a liberdade — especialmente num país como o nosso, que conheceu o peso da ditadura e o sabor da Revolução de Abril — é, acima de tudo, reconhecer que ela não está garantida para sempre. É uma construção coletiva, que exige vigilância constante, responsabilidade e coragem.
Estamos no mês de abril, mês em que celebramos a liberdade conquistada em 1974. Mas mais do que uma data, abril deve ser um marco para os restantes meses do ano. A liberdade não se celebra apenas num dia; defende-se em cada decisão, em cada gesto cívico, em cada tomada de posição.
Num tempo marcado por discursos populistas, polarização e desinformação, torna-se ainda mais urgente reforçar a importância da liberdade. Liberdade de expressão, de pensamento, de imprensa, de participação política. Liberdade para divergir, para criticar, para propor caminhos diferentes, sempre com respeito e sentido democrático.
A liberdade é também, e talvez sobretudo, o respeito pela liberdade do outro. Não há verdadeira liberdade quando se impõe o silêncio, se desvaloriza a diferença ou se instrumentaliza a palavra para ofender ou excluir. Ser livre é ter a capacidade de escutar, de dialogar e de reconhecer que os direitos individuais terminam onde começam os direitos dos outros. A convivência democrática exige essa maturidade.
Importa também lembrar que os extremos — sejam eles quais forem — nunca foram bons conselheiros da liberdade. A história mostra-nos que é no equilíbrio, na moderação e no diálogo que a democracia mais se fortalece. Figuras como Mário Soares, Francisco Sá Carneiro ou Adelino Amaro da Costa souberam, cada um à sua maneira, defender a liberdade dentro de um espírito democrático e construtivo, procurando pontes em vez de muros. É essa a política que honra Abril e que melhor serve o futuro.
A liberdade não pode ser usada como pretexto para o ataque ao outro, para a manipulação ou para a desvalorização das instituições. Quem exerce funções públicas tem o dever acrescido de defender a liberdade com verdade, seriedade e sentido de missão. E os cidadãos, no seu papel essencial, devem exigir essa mesma responsabilidade — porque só com liberdade informada e consciente se constrói uma sociedade mais justa e solidária.
Num tempo de incertezas, a liberdade é farol. Cabe-nos a todos mantê-la acesa — em abril, e em todos os dias do ano.