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Regresso às aulas: Professores com dificuldades em alugar quarto desistem de dar aulas na região

A Rádio Valor Local levou a efeito uma emissão especial no dia 21 de setembro, durante a qual abordámos as principais preocupações do setor da Educação. Contámos em estúdio com a presença da diretora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, Madalena Tavares, e do presidente da Federação das Associações de Pais das Regiões do Oeste, Lezíria do Tejo e Médio Tejo (FAPOESTEJO), Rui Pedro Pires. As greves convocadas e algumas já a decorrer pelos diversos sindicatos estão na ordem do dia, mas neste início de ano letivo, em alguns concelhos da região começa a ser uma questão delicada a falta de professores às diferentes disciplinas. Há quem seja colocado nas escolas da região provenientes de outras zonas do país, mas acabe por não ficar porque a crise imobiliária está aí e as rendas de quarto são incomportáveis. Foi o que percebemos em conversa com dois professores colocados na região, e é essa é também uma preocupação espelhada por outros protagonistas ao longo da nossa emissão.

Estivemos ainda em direto com o Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita e com o seu diretor Jorge Tavares, bem como o diretor do Agrupamento de Escolas do Carregado, Alberto Seco. Mas ouvimos ainda Rosa Teixeira, da direção do Agrupamento de Escolas de Benavente e os autarcas de Azambuja, Alenquer, Arruda dos Vinhos e Vila Franca de Xira sobre as obras nos diversos estabelecimentos de ensino e o apoio dos municípios. Ouvimos ainda a FENPROF sobre as próximas ações de luta e os desafios da Educação.

Sérgio Videira dá aulas em Azambuja pela quinta vez, com um interregno de um ano. Oriundo de Coimbra constata que este ano alugar um quarto na vila está muito mais caro. Paga 250 euros, mas já presenciou preços mais elevados, embora há dois anos pagasse menos, cerca de 200 euros. Partilha a casa com mais dois colegas. A auferir 1400 euros por mês e a ter de arcar com despesas também na sua terra natal, onde os filhos estudam e a que se somam muitos outros gastos, refere que este ano terá de apertar o cinto e vai prescindir de ir a casa durante alguns fins de semana. Professor de Matemática que fez parte da sua carreira no ensino privado em escolas com contrato associação, com as quais o primeiro governo de António Costa rescindiu os apoios, desabafa que é cada vez mais difícil ser professor. A recuperação do tempo de serviço, uma das lutas dos sindicatos, que passa por seis anos, seis meses e 23 dias permitiria a este professor auferir cerca de mais 500 euros, em que passaria do atual 4º escalão para o 7º tendo em conta os anos de serviço. O braço de ferro entre Governo e sindicatos como já se viu neste início de ano escolar está para durar.

Ainda quanto aos preços praticados no mercado de Azambuja, considera-os “utópicos” em muitos casos. “Por outro lado, há muitos colegas professores que estão a arrendar alojamento, sabem que os colegas estão a passar dificuldades, mas não estão nada preocupados em tentar amenizar os preços dos quartos. Podiam ser mais sensíveis”. Madalena Tavares, diretora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, durante a nossa emissão, constatou, igualmente, que esta realidade tende a tornar-se cada vez mais dura com arrendamentos a chegar aos 800 euros, em que as casas são arrendadas por mais do que uma família. Já os professores “têm de se sujeitar ao que há” porque a lei da oferta e da procura está a ferro e fogo no concelho.

Teresa Travassos, 42 anos, oriunda de Montemor-o-Velho, leciona Físico-Química no Agrupamento de Escolas Pedro Jacques Magalhães em Alverca. Professora desde 2013, refere que aufere cerca de 1200 euros por mês e paga atualmente pelo aluguer de um quarto numa casa onde vive com a senhoria 300 euros. Esteve na mesma casa no ano passado, e conta que foi conhecer habitações em péssimas condições com rendas a rondar os 400 euros. Sem filhos a seu cargo, encargos com empréstimos à habitação, e a residir na casa dos pais no seu local de origem, confessa que só assim consegue manter-se a dar aulas, longe do distrito de Coimbra, pois de outra forma não teria condições de se sustentar face aos preços praticados no mercado de arrendamento. Contudo tem despesas de saúde e um automóvel já com alguma quilometragem. “Mais de metade do ordenado fica no aluguer de casa e no transporte”, conta. O mais perto que conseguiu ficar perto de casa foi a cem quilómetros. Teresa Travassos denuncia ainda que o mercado de arrendamento trabalha à margem da lei, sem contratos e sem recibo.

Por isso mesmo tem vindo a presenciar já neste início de ano letivo que muitos professores colocados em Alverca e noutras zonas do concelho de Vila Franca de Xira oriundos de outros pontos do país acabam por não ficar. “Tenho uma colega de Matemática que vinha dar aulas para Vialonga. Trazia o filho, mas como era incomportável o que lhe pediam para alugar um apartamento, desistiu. Pediam 800 euros quando nós como contratados não ganhamos mais de 1200 euros”.

Teresa Travassos explica que há que gostar muito da sua profissão para continuar nela, apesar das vicissitudes. “Quem está nas escolas gosta muito do que faz, porque por vezes faz omeletes sem ovos”, ilustra. A professora fala de uma profissão cada vez mais exigente e em que o professor tem de se desmultiplicar para atender a todas as necessidades dos alunos, lembrando que no presente ano letivo, o Governo complicou a tarefa dos docentes no acompanhamento dos alunos com necessidades especiais, retirando um professor específico em sala de aula, a que se juntam os muitos alunos provenientes de várias nacionalidades, em que muitas vezes o Google Tradutor é a única forma de comunicação possível. Sindicalizada, Teresa Travassos vai aderir às greves marcadas, e continuará a aderir às diferentes manifestações que vão ter lugar. “Estamos a fazer greves por nós, e pelos nossos alunos. Sou filha da escola pública e tenho o direito de lutar por aqueles que não têm condições de ir para uma escola privada”.

No ano passado as greves em Azambuja foram principalmente durante o primeiro tempo de aulas

Greves, início do ano escolar marcado pela falta de professores nas escolas da região e uma carreira cada vez menos atrativa

Durante o nosso especial de duas horas de “Regresso às Aulas”, durante o qual ouvimos os diretores de vários agrupamentos de escolas da região, Madalena Tavares, diretora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, dava conta de alguns horários por preencher nomeadamente a Espanhol e Inglês. “Já vamos na terceira reserva de recrutamento”, deu conta para explicar as dificuldades em encontrar professores. Só este ano 400 professores decidiram reformar-se e no agrupamento de Azambuja dois deles “estão a aguardar autorização para se desligar do ministério da Educação”.  No Agrupamento de Escolas do Carregado há oito horários por preencher, algo que está a preocupar o diretor do agrupamento Alberto Seco, embora fosse expectável. “No primeiro e segundo ciclo temos um funcionamento quase em pleno, mas estamos a aguardar a vinda de um professor de Inglês. Já no terceiro ciclo temos sete horários em falta. Português, Matemática, História são algumas das disciplinas em que as colocações não foram preenchidas, com a denúncia dos contratos por parte dos docentes”. Alberto Seco dá conta que esses professores eram oriundos de outras zonas do país e que possivelmente fizeram contas à vida e desistiram de dar aulas no Carregado, “em que o alojamento é cada vez mais crítico”, preferindo tentar uma oferta de escola “mais perto da sua residência”.

Durante o nosso especial estabelecemos contacto também com o diretor do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, no Cartaxo. Jorge Tavares referiu a falta de professores nas disciplinas de Espanhol, Geografia e Educação Física (nestas duas disciplinas foram designados professores mas meteram baixa). Falta ainda um professor no 1º ciclo, Educação Especial e Matemática. Um dos concelhos com maior incremento populacional é o de Benavente e neste sentido a nova diretora do Agrupamento de Escolas de Benavente, Rosa Teixeira, sublinha que teve lugar a abertura de mais uma sala de aula em Santo Estevão, deu-se ainda a reabertura do jardim de infância da Barrosa que estava fechado, e de um Centro de Apoio Estruturado a Alunos do 1º Ciclo com Necessidades Especiais. A falta de professores também chega a este agrupamento com horários ainda por preencher, nomeadamente, está em causa um horário para educadora de infância, outro para primeiro ciclo, e outro para Inglês de 1º ciclo. No segundo e terceiros ciclos e secundário, faltam professores de Português, Inglês, História, Biologia, Geologia e Educação Visual. “Estamos a notar mais dificuldades, são pessoas que vêm de longe e perceberam que não lhes compensava virem para cá. Temos muitos professores de Coimbra para norte. A procura de casa não é fácil e a oferta é escassa no nosso concelho”.

Também ouvido pela Rádio Valor Local, José Feliciano, dirigente sindical do Sindicato de Professores da Grande Lisboa, afeto à Fenprof, reconhece que a falta de professores nas escolas começa a ser estrutural, “com cada vez menos jovens a procurar no ensino uma profissão”. Por outro lado, a carreira nas circunstâncias em que se encontra já afastou 15 mil professores qualificados nos últimos anos. O dirigente deixa ainda uma constatação que pode comprometer o futuro da educação no país, dado que existe a expetativa de que “50 por cento do atual corpo docente venha a aposentar-se até 2030”. Seriam precisos mais de 30 mil jovens professores para suprimir esta carência. Este ano 3512 professores vão aposentar-se, o que significa mais 19 por cento do que no ano passado.

Madalena Tavares, diretora do Agrupamento de Escolas de Azambuja, não vê esta realidade de forma tão negra, e adiantou durante o nosso especial que muitos licenciados até de outras áreas podem escolher o ensino e começar com um ordenado de “mil e poucos euros que embora não seja uma fortuna é superior ao de muitas outras profissões que exigem título académico”. Mas deixa o aviso – “Não é pela carreira, nem pelo dinheiro que vale a pena vir para a educação”.

Algumas escolas salientaram que autorizam telemóvel na sala de aula desde que em contexto de trabalho

Telemóveis nas salas de aula: Sim ou Não?

Os vários agrupamentos de escolas ouvidos pela nossa reportagem vão tentar ao máximo evitar que os alunos transportem os seus equipamentos para o interior das salas de aula. Jorge Tavares, diretor do Agrupamento de de Escolas do Cartaxo, refere que a medida já foi implementada há alguns anos, primeiro no ensino profissional, na altura como a colocação dos aparelhos dentro de uma caixa, que depois eram recuperados no fim da aula. Entretanto também surgiram queixas, “com os encarregados de educação a dizerem que aquela prática riscava os telemóveis dos filhos”. Nos últimos dois anos, a deposição numa caixa foi abandonada em prol de “uma melhor disciplina dos alunos para a necessidade de não usarem o telemóvel”.

No Agrupamento de Escolas do Carregado, Alberto Seco, diretor do agrupamento, demonstra que apenas se recorrerá aos telemóveis quando importantes para algum trabalho em contexto de sala de aula. Fora da sala de aula “não colocamos obstáculos, mas alertamos os encarregados de educação para a sua utilização correta”.

No Agrupamento de Escolas de Azambuja, Madalena Tavares dá conta que a escola não adota stricto senso a lei 51/2012 que proíbe a utilização de telemóveis nas salas de aula. “O telemóvel pode ser usado se o professor entender que pode ser necessária uma pesquisa online porque muitas vezes a rede até é melhor do que a nossa”. Contudo o que costuma acontecer é que “se o aluno perturba a aula com o telemóvel é lhe retirado o equipamento, devolvido ao fim do dia com um ralhete a acompanhar”, ilustra. Mas se houver repetição deste quadro, o encarregado de educação é chamado à escola.

Rui Pedro Pires dá conta de vários municípios onde transportar telemóveis para a sala de aula é proibido, mas “o que importa é que as escolas tenham regras muito bem definidas e delimitadas”, porque “nas escolas privadas é mesmo assim, quem manda é a escola, não é a sociedade”.

O fenómeno da alienação parental está muitas vezes de braço dado com a falta de controle no acesso e manuseamento das novas tecnologias e isto é um fator preocupante e que tem aumentado segundo Rui Pedro Pires e Madalena Tavares. Rui Pedro Pires anuncia que em breve será lançado um inquérito sobre este tema para todo o território da FAPOESTEJO.

Já a professora de Azambuja mete o dedo na ferida – “Há cada vez menos disponibilidade emocional dos adultos para com as crianças a seu cargo, como se educar significasse dizer que sim em todos os momentos quando qualquer jovem ou criança precisa de regras e de limites claros, e neste papel a escola não pode ingerir-se quando isso é recusado. Temos uma disciplina de Educação para a Cidadania em que temos trazido estas temáticas para todos os ciclos de ensino. Trabalhamos com metodologias diferenciadas, em desenvolvimento pessoal e social baseado em conceitos como a resiliência, o respeito por si e pelos outros”. É dentro deste universo de trabalho destas “soft skills” em que se cultiva as competências pessoais e sociais e a empatia pelo outro que a escola tem procurado levar a água ao seu moinho na diminuição de fenómenos indesejáveis no seio da comunidade escolar. Madalena Tavares salienta uma formação que teve lugar recentemente para os alunos delegados de turma do 9º e 10º anos em que “alguns daqueles alunos denominados como terroristas tiraram uma grande mais-valia dessa aprendizagem e acabaram por confessar a necessidade de mudança nas suas vidas, nos seus hábitos e comportamentos”. Contudo adverte – “Isto não significa que a escola se substitua às famílias”.

O dirigente da FAPESOESTEJO acrescenta que as associações de pais devem cultivar uma relação em que haja respeito pelos limites de cada parte, “porque isto é um namoro muito lento com as escolas”, dá conta.

Arranque da obra de requalificação da Escola Secundária de Azambuja chega aos 9 milhões de euros e é a mais ambiciosa da região

Inicialmente a obra de requalificação da Escola Secundária de Azambuja estaria a cargo do município. O presidente da autarquia, Silvino Lúcio, chegou a adiantar que o custo deveria rondar os cinco milhões de euros, mas este ano o Governo incluiu este projeto entre os 44 prioritários da Educação para a construção de novas escolas com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pelo que o custo deve chegar aos 9 milhões de euros, mas já a contar com a obra do pavilhão polidesportivo. O Governo vai investir 2 mil milhões nas escolas do país ao abrigo deste procedimento.

A Câmara espera, entretanto, ter concluído o projeto do pavilhão para que a obra seja lançada no ano que vem, bem como o projeto para um novo bloco com mais 10 salas de aula. Será a autarquia a lançar a obra com a garantia do Governo de que vai receber as verbas do Estado para pagar ao empreiteiro. Madalena Tavares confirmou no nosso programa que após uma reunião com a Câmara, no passado dia 1 de setembro, recebeu a indicação de que esta que é uma das mais desejadas obras em todo o concelho vai de facto arrancar para o ano. Quando a nova escola for uma realidade já será com 30 anos de atraso face às condições existentes- “Temos sido das mais castigadas da região porque muitas escolas novas foram surgindo, e fico contente por isso, mas a nossa continua a debater-se com a sua antiguidade e falta de condições”. Madalena Tavares fala de um sonho incrível que pode ser concretizado em breve e que poderá guindar a escola a outros patamares – “Candidatámo-nos e ganhámos uma verba de 1 milhão e 45 mil euros para a criação de um centro tecnológico especializado, um dos 365 no país para o ensino profissional. Temos outra candidatura para um centro tecnológico digital no valor de 1 milhão e 400 mil euros, se juntarmos a isto uma escola completamente requalificada seria um sonho. Azambuja daria um salto em frente, e que tanto merece”.

No arranque deste ano letivo, e no concelho de Vila Franca de Xira, o município inaugurou obras de requalificação e ampliação em duas escolas do concelho, na Escola do Cabo em Vialonga, num investimento de 2,4 milhões de euros; e na Escola Básica nº 2 em Alhandra no valor de 1,6 milhões de euros. No nosso programa especial, o presidente da Câmara, Fernando Paulo Ferreira, salientava “a necessidade de se dar cada vez melhores condições a toda a comunidade escolar”. Com estas duas obras, o concelho passa a ter escola a tempo inteiro em horário normal para todos os alunos, eliminando-se os denominados horários duplos, que consistia em aulas apenas durante a parte da manhã ou da tarde.

No concelho de Alenquer, a vereadora da Educação, Cláudia Luís, para já não se quer comprometer quanto a prazos para a inauguração de seis salas na Escola Secundária Damião de Góis em que quatro serão dedicadas à ciência. A obra já vai em um milhão de euros e tem sofrido diversos avanços e recuos, com o próprio empreiteiro a queixar-se da Câmara Municipal, tendo até anunciado um pedido de indemnização. A autarca sublinha a recente inauguração da obra de ampliação e requalificação do da Escola Básica de Cadafais que teve um custo de 1 milhão de euros. Por outro lado, estão em construção quatro novas salas na escola de Cheganças. Rui Pedro Pires lança o desafio para o futuro, de se começar a pensar seriamente numa escola secundária no Carregado, dado que o grosso dos alunos que frequentam a secundária da sede de concelho, vivem naquela freguesia.

No concelho de Arruda dos Vinhos houve alguns constrangimentos nas vagas no ensino pré-escolar (três aos seis anos) neste início do ano letivo, mas segundo Carlos Alves, vice-presidente da autarquia, de há dois anos letivos para cá que houve um reforço de mais 38 vagas no concelho, com mais salas. De fora “ficam os alunos não enquadráveis tendo em conta a idade, e por isso a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) não tem como validar as nossas solicitações”. O aumento populacional tem feito aumentar as necessidades educativas deste concelho.

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