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Saima, a imigrante paquistanesa amante de pastéis de nata e da liberdade

É uma das novas habitantes de Azambuja, a paquistanesa Saima Khurram chegou no ano passado ao concelho. Tem 51 anos e está à procura de trabalho arduamente. Recentemente o marido também paquistanês tornou-se condutor de TVDE, e a filha atualmente na escola está a progredir bem. Saima conta-nos que apenas consegue dar algumas aulas de inglês online por semana através de uma escola de línguas de Vila Franca de Xira. Era esta a sua profissão no seu país. Reconhece que o facto de ainda não dominar bem o português é o principal entrave quanto a conseguir um trabalho.

A principal razão da vinda desta mulher e do marido para Portugal, quando no seu país tinham casa própria e hoje alugam um quarto, prende-se com a necessidade de dar uma educação mais europeia à filha mais nova. Os filhos mais velhos estão radicados na Inglaterra e na Alemanha onde se dedicam aos seus cursos e carreiras. “Neste caso, é mais fácil fazer-lhes uma visita a partir de Portugal ou eles virem até cá, em comparação com o Paquistão que é mais longe”. E esta proximidade a outros países europeus é outra das motivações na escolha de Portugal para residir.

Saima fala de uma condição económica no Paquistão muito difícil com o aumento da inflação e da pobreza no geral. No seu país refere que pertencia à classe média. O marido era empresário e Saima dedicava-se ao ensino do inglês. A paquistanesa desvenda que uma das condições que mais atrai as pessoas do seu país para Portugal nem sempre se prende com as facilidades do país no domínio da imigração, mas também o clima “que é parecido com o do Paquistão, mas melhor”. A imigrante conta que chegou a trabalhar durante uns meses num escritório de documentação no Martim Moniz, “mas o salário era muito baixo”.

Saima teme um retrocesso dos direitos da mulher no seu país

Na sua grande maioria, os imigrantes provenientes daquele país que estão a viver na nossa região trabalham ou na agricultura, ou na logística, ou nos Uber e nas entregas de comida, empregos não muito diferentes daqueles que já tinham – “Na sua maioria trabalhavam lá no campo, nos táxis e nas fábricas”, constata. Saima afirma-se preocupada com as máfias que trazem os seus compatriotas, onde uma vez chegados a Portugal são deixados à sua sorte, sem condições.

No seu caso, Portugal para além de ser melhor a nível económico é também um país seguro e ideal para ficar a viver, “pelo menos até que a minha filha mais nova (atualmente no nono ano) possa completar os seus estudos”. “Aqui posso andar à noite sozinha e isso é impensável no meu país”. Na Europa as mulheres paquistanesas também beneficiam de mais liberdade do que no Paquistão. “Lá não é muito seguro as mulheres trabalharem fora de casa, por outro lado ainda temos uma grande fatia da população que não beneficiou da escola, em que as taxas de iliteracia são muito altas”. A instabilidade política do país pode ainda proporcionar “um retrocesso nos direitos das mulheres que apesar de não serem muitos, ainda assim conseguiram-se alguns avanços”. A mulher já estuda e trabalha, “mas temo que possamos ser alvo de segregação como no passado”. No geral “o clima social continua a ser inseguro e pouco recomendável no meu país”.

“Os portugueses são muito simpáticos e respeitadores”

Uma vez chegada a Portuga com o marido e a filha mais nova, Saima aponta vários aspetos positivos- “As pessoas são muito simpáticas e respeitadoras”. Quando assim não acontece e porventura os portugueses olham de lado – “Só temos de ignorar e não dar importância”. Saima está ao corrente de queixas que se prendem com o comportamento de homens do Indostão e atitudes perturbadoras da mulher na rua, em que chegam a ser perseguidas. “Lamento esses casos. Muito provavelmente são homens com pouca educação e que não têm cá as esposas e cometem essas atitudes. A falta de uma boca educação significa muito, porque de outra forma pensariam de forma mais inteligente antes de cometerem esses atos. No fundo há bons e maus exemplos entre os imigrantes, como em tudo na vida, não nego isso”.

A imigrante considera que Portugal pode estar a viver um estrangulamento com a onda de imigração atual que não beneficia nenhuma das partes, “com incidência sobretudo no número de casas disponíveis”.

Estando em Portugal há mais de um ano diz-se uma amante dos doces e da pastelaria portuguesa, nomeadamente, os pastéis de nata. Saima está ainda muito contente com a adaptação da filha à escola, que está “a correr muito bem”. Aprendeu rapidamente o Português, e já fez amigos em Azambuja. “A adaptação à escola foi muito boa”. Zhara, a filha quer ser advogada – “Possivelmente ela um dia pode ficar aqui a morar, e nós vamos embora, mas será dentro de vários anos. Eu e o meu marido também gostamos muito de viajar e conhecer outros países”. Uma das experiências mais enriquecedoras que teve oportunidade de viver no nosso país foi junto de pessoas de nacionalidade brasileira, quando lhes deu aulas de inglês, em que se gerou uma cumplicidade muito própria só possível entre indivíduos que arriscaram em vir viver num país diferente.

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