Catarina Maia, 21 anos, foi mãe no ano passado. Depois de uma cesariana no Hospital de Vila Franca de Xira, vinha com indicação para fazer o penso no Centro de Saúde da Castanheira. Uma semana depois do parto já estava a retirar os agrafos “porque a enfermeira entendeu que a cicatriz tinha sarado”, o que segundo refere, esta utente, terá sido contraproducente. Inicialmente a enfermeira até chegou a argumentar que não podia tirar os pontos, apesar de o hospital indicar isso mesmo na carta que entregou à utente.
“No dia em que supostamente era para fazer o penso, quando dei por ela já a enfermeira estava a tirar metade dos agrafos e a dizer: ‘Ah isto já se pode tirar que está bom’. Conclusão: atualmente, 10 meses após o parto, tenho tido complicações com a cicatriz, não cicatrizou ainda como deve ser e volta e meia até sangue deita”, refere à nossa reportagem a jovem mãe. Segundo Catarina Maia, o normal é que os pontos sejam retirados cerca de 15 dias após o parto. No seu entender foi mal avaliada. “A própria médica pediatra da minha filha diz isso”.
Mas esta não é a única queixa que tem contra o funcionamento do centro de saúde. O único clínico que ali dá consultas, nesta altura, Oleh Yaremiy é acusado de ter avaliado mal a condição de saúde da sua bebé. “Nos primeiros meses a minha filha não conseguia ganhar peso, porque apesar de ter nascido com quatro quilos e 60 gramas, chegou a baixar para os 3800 quilos. Disse-me que era um problema de refluxo, mas a bebé estava constantemente a vomitar e por mais que eu mudasse os tipos de leite, embora continuasse a amamentar, não conseguia ver evolução no seu estado de saúde. Chegou a um ponto em que fui de urgência para o Hospital de Vila Franca de Xira. Foi diagnosticada com um início de hepatite porque tinha alergia à proteína da vaca, com constantes alergias alimentares. Diversos tipos de leite que foram aconselhados pelo médico só pioraram a situação dela”, relata, acrescentando que também neste ponto a pediatra do hospital adiantou que se a bebé tivesse sido enviada mais cedo para aquela unidade de saúde “não se tinha chegado agora ao ponto de a minha filha ter de começar a ser seguida no Hospital D.Estefânia”. A bebé, segundo a médica, “podia até ter morrido, porque ficava roxa, e as coisas podiam mesmo ter corrido muito mal”.
Catarina Maia está, ainda, familiarizada com as queixas relativamente ao funcionamento do centro de saúde da Castanheira do Ribatejo, que no seu entender, “está um caos”, sempre a “piorar constantemente”. Pedimos um comentário das queixas de Catarina Maia junto da ARS-LVT mas não obtivemos resposta.
Sílvia Godinho é outras das utentes do Centro de Saúde a apresentar queixa. Há cinco anos que foi viver para a Castanheira do Ribatejo e não tem médico de família. A lidar com uma depressão, e um problema de fibromialgia, ao longo destes anos teve de se deslocar em diversas ocasiões ao Serviço de Atendimento Complementar do Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria. “Tinha de ir para lá às oito da manhã para ser atendida às dez da noite”, e “cheguei a esperar horas, e não conseguir consulta”. Por outro lado, tentou sem êxito obter documentos para situações de baixa médica que teve ao longo dos últimos anos, mas muitas vezes sem sucesso. Chegou a ser encaminhada pela Saúde 24 para o centro de saúde local, mas quando lá chegava era-lhe dito pelas funcionárias que não podiam dar seguimento ao seu caso. Para além disso, já perdeu a conta ao número de vezes que tentou ligar para o centro de saúde. Mas numa das vezes contou mesmo, e foram 300 apenas numa hora. “Estava constantemente a marcar o número e nunca me atenderam”.
Sílvia Godinho considera ainda que o tratamento das funcionárias não é o melhor e em diversas ocasiões já pediu o livro de reclamações, mas apenas numa obteve resposta.
Neste vaivém, foi-lhe à partida detetado mais um problema de saúde e necessita de fazer um raio x ao peito. Esteve no hospital de Vila Franca em que a médica lhe solicitou um raio x via médico de família. Como não tem, Sílvia Godinho está sem saber onde se dirigir. No hospital foi-lhe dito que não podiam fazer o exame pois entrou pela porta da urgência, mas nem no Serviço de Atendimento Complementar da Póvoa de Santa iria nem no Serviço de Atendimento Permanente de Benavente conseguem resolver a situação. “Já tenho a consulta marcada para o hospital de Vila Franca, mas já me disseram que não podem passar a credencial em nenhum dos lados, e pergunto onde posso dirigir-me para fazer o exame ao peito e quando estou a contas com dores horríveis”.