Um grupo de elementos do Rancho Folclórico da Associação Recreativa Nossa Senhora da Graça queixou-se, em reunião de Câmara de Benavente, da falta de apoio financeiro do município. O grupo em questão sente-se discriminado em relação aos restantes congéneres do concelho. Já Carlos Coutinho, presidente da autarquia, concluiu que não pode andar a apoiar todos os novos projetos associativos que surgem no concelho, sempre que alguém decida sair em rota de colisão de uma coletividade, como foi o caso de José Santos, presidente da associação em causa, que em tempos esteve no Rancho Saia Rodada de Benavente.
Associação acusa município de lhe cortar as pernas
José Santos evidenciou que a Câmara com esta atitude está a cortar as pernas à coletividade. “Não podemos aceitar isto, sem que possam ver, em primeiro lugar, o trabalho que é desenvolvido por crianças e jovens, alguns com défice grave de atenção, que têm melhorado as suas capacidades escolares, comprovadas por professores e auxiliares. Mais importante, adoram o folclore e aquilo que fazem, e por isso mesmo temos a maior força para continuar este e outros projetos no seio da associação.”
O presidente da Câmara não desarmou em relação ao que tem dito desde o início aos responsáveis deste rancho, quanto ao facto de os recursos financeiros serem escassos, e logisticamente apenas possuir dois autocarros para as muitas associações do concelho. No concelho são apoiadas cerca de 80 coletividades. “Não podemos apoiar mais uma associação com folclore, porque isso é dividir para reinar”.
Câmara diz que continua a financiar a associação
O autarca lembrou – “Há dois anos, o José Santos veio aqui anunciar que ia fundar o grupo de folclore, e desde essa altura que anunciámos que não podíamos financiar a sua atividade. Entendeu que podia avançar com o projeto e tinha outras fontes de financiamento. A Câmara continua a apoiar a Nossa Senhora da Graça noutras atividades. Temos apoiado sempre, em tudo aquilo que é a nossa obrigação, em igualdade de circunstâncias com outros.” Apelou ainda a uma maior unidade entre ranchos do concelho. José Santos reforçou que muitos dos elementos do rancho nunca tinham tido aquela atividade antes, pelo que não faz sentido repartirem-se por outros ranchos.
O responsável voltou a salientar o cariz social da atividade em causa como um fator de integração e de pertença na comunidade benaventense: “Temos outras atividades na associação, mas esta é a que está em maior expansão. No nosso rancho temos crianças, muitas delas portadoras de défice de atenção, que ao desenvolverem esta atividade, sentem-se muitíssimo bem. Temos duas crianças, que supostamente foram violadas por um padrasto, que estão no nosso rancho folclórico. O que mais amam é dançar, cantar, e estarem, inseridas e fora daquilo que é o seu contexto normal de vida.”
