A criação da nova empresa intermunicipal de transportes na Lezíria do Tejo (CIMLT) continua a gerar desconfiança. Desta vez em Benavente, onde o assunto gerou debate entre autarcas e o candidato à Câmara do Chega, Frederico Antunes.
Carlos Coutinho, presidente da Câmara, traçou uma visão otimista para a nova empresa em perspetiva: uma frota rejuvenescida, com 148 veículos — dos quais 75% serão novos e 16 elétricos — e tarifas mais acessíveis para os utilizadores. A proposta passa por três modalidades: 10 euros para os transportes urbanos, 20 euros para viagens intermunicipais dentro da Lezíria e 40 euros para ligação a Lisboa.
Com o fim do PART e a entrada do programa “Mais Transportes”, as condições de financiamento tornaram-se mais favoráveis, permitindo o investimento em viaturas e noutras infraestruturas essenciais. Segundo Coutinho, a média de idade da frota será de apenas 3 anos à data de início da operação, contrastando com os quase 20 anos de média atualmente.
O autarca realçou ainda que o serviço irá dispor de veículos exclusivos para a região, acabando com o modelo atual de partilha entre operadores “que tantas vezes resulta em falhas de serviço, avarias e atrasos crónicos”. “As novas viaturas permitirão desdobramentos de carreira em caso de avaria, uma solução inexistente atualmente.
Preocupações políticas com a continuidade e transparência
Frederico Antunes, candidato do Chega nas eleições autárquicas, usou o período de atendimento ao público, e manifestou as suas reservas quanto ao timing e à delegação de competências à CIMLT, numa altura em que os atuais responsáveis políticos poderão não manter os seus cargos após as eleições autárquicas de outubro. Igualmente Inês Louro, vereadora do mesmo partido em Azambuja, expressara idêntica consideração.
“O presidente da CIMLT poderá nem sequer ser vereador após as eleições”, alertou Frederico Antunes, considerando arriscado comprometer futuros executivos com decisões tomadas agora. Expressou ainda dúvidas quanto às orientações estratégicas específicas para o concelho de Benavente e pediu clareza sobre as rotas e ligações previstas — incluindo a ligação entre Santo Estêvão e Alcochete, atualmente inexistente.
Desafios operacionais e garantias de melhoria
Sónia Ferreira, vereadora do PSD, quis saber se, sendo Benavente o segundo maior investidor na nova empresa, haverá lugar ao reforço de rotas ou apenas à consolidação das existentes. Carlos Coutinho respondeu que o plano de mobilidade permite um aumento de 5% na oferta e que os serviços urbanos em Benavente e Samora Correia serão uma realidade à data do arranque da empresa. O autarca destacou ainda o papel que os táxis poderão ter como complemento em zonas de baixa procura, num modelo de transporte a pedido.
Milena Castro, vereadora independente, criticou o atual estado do serviço público, relatando experiências pessoais com viaturas sem ar condicionado e atrasos recorrentes. Carlos Coutinho reconheceu os problemas existentes e garantiu que os novos autocarros trarão um salto significativo na qualidade do serviço,
De acordo com o presidente da câmara, o estudo económico-financeiro aponta para uma operação sustentável, com um lucro previsto de 90 mil euros já no primeiro ano. O custo por quilómetro, de 0,367 euros, é competitivo face a outras regiões, como o Médio Tejo (0,6 euros), e bastante inferior ao da Área Metropolitana de Lisboa (2,85 euros).
O modelo escolhido foi o da internalização, considerado o mais eficaz após análise comparativa com as hipóteses de concessão e concurso. A empresa será detida pelos municípios, permitindo maior controlo público e alinhamento com as necessidades locais.