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Como as escolas do Carregado estão a fazer face ao aumento da imigração

A pressão causada pelo descontrolo da imigração na freguesia de Carregado-Cadafais já assumida pelo presidente da junta e até pelo presidente da Câmara Municipal de Alenquer está a ter consequências também a nível dos estabelecimentos escolares. O Valor Local juntou nesta reportagem o presidente da associação de pais, Rui Pedro Pires, e o diretor do agrupamento de escolas do Carregado, Alberto Seco, para nos darem conta dos desafios da Educação atualmente.

O diretor do Agrupamento conta ao Valor Local que nos últimos anos letivos cerca de 150 alunos vão entrando paulatinamente ao longo do tempo que vai de setembro a junho. “Este ano de 2025 terão sido menos, mas regra geral anda nessa ordem”. Este é um desafio para as três escolas da freguesia: EBI; Centro Escolar do Carregado e Escola Básica de Cadafais e Jardim-de Infãncia. A grande maioria dos alunos são filhos de cidadãos imigrantes brasileiros ou africanos de língua portuguesa. Os filhos de imigrante brasileiros representam cerca de 20 por cento da população escolar. Apesar de não existir a barreira da língua, a aprendizagem e a adaptação destes alunos também exige um esforço acrescido por parte dos professores. Quando não consegue acomodar mais alunos ao longo do ano escolar, a escola da Castanheira do Ribatejo já no concelho de Vila Franca ou as escolas da sede de concelho de Alenquer têm sido determinantes no escoar dessas crianças.

Para garantir o sucesso escolar, dá conta Alberto Seco, que houve necessidade de aumentar o número de recursos humanos – “Tenho um conjunto de professores que estão a fazer coadjuvações em sala de aula, desde o quinto ao nono ano, a Português e Matemática”. Ou seja, cada sala de aula tem por vezes dois professores na maior parte dos tempos curriculares daquela disciplina “para efetivamente podermos apoiar o mais possível”. O agrupamento candidatou-se a um programa do ministério da Educação que torna o Carregado Território Educativo de Intervenção Prioritária, por via “de termos um agrupamento sobrelotado”. Na nossa região apenas Vialonga terá o mesmo estatuto.

Escola do Carregado é de intervenção prioritária

O agrupamento passou a ser inserido nesta priorização no início do presente ano letivo- “Toda a estrutura dos resultados escolares que queremos melhorar, a par desta instabilidade de podermos ter alunos a entrar e a sair com muita frequência, com preparações diferenciadas, bem como alunos que vêm de outros países que não falam português, levou-nos a repensar este quadro”, declara.

No sentido de melhor integrar os alunos filhos de pais estrangeiros que ingressam no agrupamento e no fundo contribuir para a harmonia escolar, o agrupamento contratou animadores socioculturais e psicólogos. “Porque o animador cultural não é só a pessoa que arranja atividades para entreter os alunos, mas é quem contribui para integrar os alunos.” “Quando um professor falta, organiza um conjunto de atividades para ocupar o aluno”.

“Temos seis turmas, na EBI, de primeiro ciclo do primeiro ao quarto ano, e normalmente os intervalos são acompanhados por esse profissional, que não só estimula a dança, mas o exercício físico, a socialização, que é fundamental para realmente termos um clima mais tranquilo e propício à aprendizagem”.

Rui Pedro Pires opina, por seu lado, que a pressão que a vinda de cada vez mais imigrantes para o Carregado torna-se preocupante e “obriga-nos a pensar”. “Já quase não há espaços para as crianças brincarem e tentamos arranjar soluções a nível do próprio edificado para o agrupamento conseguir dar resposta”.

Alberto Seco sublinha, entretanto, que a comunidade de imigrantes vinda de países do subcontinente indiano apesar de expressiva no Carregado é completamente residual em termos de população escolar, até porque salta à vista que a maioria é composta por homens, dado que a grande maioria ainda não se fez acompanhar por mulher e filhos.

Rui Pedro Pires sublinha que todos os imigrantes são bem-vindos, mas subsistem por vezes situações que não são fáceis de lidar também a nível da imigração brasileira e respetivas crianças em idade escolar – “porque existe um grande fosso cultural entre os dois países, e a maneira como cada um escreve a língua comum é diferente”.

Para o presidente da Associação de Pais é imperioso que a freguesia possa contar com um novo edifício escolar porque as turmas estão a abarrotar e esse é um fator que pode ser determinante nas dificuldades de aprendizagem dos alunos. O agrupamento tem cerca de 1500 alunos. O sonho de uma escola secundária na freguesia é também já muito antigo mas teima em sair do papel.

A polémica dos telemóveis

Um dos grandes desafios dos meios escolares diz respeito à proibição ou não do uso de telemóvel para lá dos portões da entrada. Neste agrupamento optou-se por uma política mais liberal, mas com regras. “Sabemos que os telemóveis dão aos pais uma falsa ideia de segurança de comunicação imediatamente acessível, mas também é preciso desmistificar isso”, acrescenta Alberto Seco, que equilibra por outro lado a posição – “Não me parece que proibir completamente seja a solução, até porque no contexto de uma aula até podem ser importantes para o aluno fazer uma pesquisa por exemplo”. “O que tentamos é criar alternativas com atividades dinamizadoras como a rádio escola, e outras que levamos a cabo com o animador sociocultural, mais as aulas de empreendedorismo escolar” de modo que nos intervalos sejam minimizados os cenários de jovens agarrados aos seus telefones pelos cantos.

A Escola – Que futuro?

Nesta reflexão conjunta, Rui Pedro Pires dá a opinião que a instituição Escola tem de sair reforçada como um local de “respeito”, porque “tem de ser mais respeitada pela sociedade”. Alberto Seco tenta ver a questão de um ponto de vista mais otimista – “Acredito que os pais respeitam a Escola, principalmente a escola pública tem dado uma grande resposta. Os alunos gostam da Escola. O futuro por isso mesmo é de esperança”. Há mais de uma década como diretor do agrupamento, Alberto Seco começou a dar aulas, há mais de 20 anos nesta escola, e os desafios foram acontecendo ao longo dos anos. Nesta altura, estará prestes a abandonar o cargo e acredita que todas as crianças podem ser integradas, destacando, no agrupamento, o papel “do nosso gabinete de apoio ao aluno e à família” com psicólogo e assistente social a tempo inteiro que desempenham um papel fundamental junto dos imigrantes e respetivos filhos. “Não quero estar aqui a pintar um quadro demasiado otimista do agrupamento, mas trabalha-se todos os dias para a inclusão nas nossas escolas. Não podemos enquanto responsáveis colocar a culpa nos alunos porque não estudam, ou a culpa nos pais porque não se importam. A culpa pode ser de todos, mas a escola tem de procurar no seu interior, digamos assim, que soluções é que pode apresentar para contrariar isso. Se conseguimos ter mais recursos e mais atividades orientadas, será isso que nos vai proporcionar certamente dar o salto e podermos ter realmente uma escola que também tenha resultados”.

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