Pela primeira vez, o 25 de novembro foi assinalado na Assembleia da República. Em protesto, o PCP não compareceu. Na bancada do Bloco de Esquerda só compareceu uma deputada e na bancada socialista alguns deputados faltaram à chamada. O PCP não esteve presente nesta cerimónia do 25 de novembro no Parlamento. A líder parlamentar dos comunistas disse que o partido não podia pactuar com o desfilar de conceções que considerou retrógradas, reacionárias e fascizantes para reescrever a história. Nada que cause admiração até porque nunca houve qualquer ilusão sobre a visão dos comunistas acerca do destino da Revolução dos Cravos. Sabemos que sempre procuraram instalar em Portugal mais um satélite na esfera do regime comunista de Moscovo. Recorda-se aqui uma célebre declaração do líder histórico dos comunistas portugueses.
Álvaro Cunhal numa entrevista a Oriana Fallaci em 1975, dizia – “Nós, os comunistas, não aceitamos o jogo das eleições”. “Garanto-lhe que Portugal não terá um Parlamento”. “Portugal já não tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo da que vocês têm na Europa ocidental”. “Portugal não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios. Não será companheiro de viagem das vossas democracias burguesas”. Por aqui estamos conversados.
Os argumentos de Álvaro Cunhal contra as “democracias burguesas” assentavam na crítica marxista e leninista à chamada “ilusão da representação dos interesses do povo através de eleições parlamentares”. De quatro em quatro anos, tinham dito Marx e Lenine, o povo elege aqueles que o vão oprimir nos quatro anos seguintes. Pouco menos de um ano após a revolução de 25 de abril de 1974 o país assistia à nacionalização de diversos sectores, nomeadamente da banca e da indústria pesada. Os operários expulsavam das empresas patrões e gestores, inclusive nas empresas de pequena dimensão. Nos campos os terrenos e as herdades eram ocupados pelos camponeses.
O cenário político do PREC foi preenchido, sobretudo, pela luta pelo poder por parte da Esquerda e da extrema-Esquerda, que terminou com a sua derrota a 25 de novembro de 1975, data de final do PREC. A liberdade que havia sido instituída a 25 de abril de 1974 tardaria a chegar. As prisões arbitrárias, a apropriação ilegal de propriedade privada, a censura de partidos considerados de Direita e a expurgação de pessoas com ideologias diferentes são apenas alguns exemplos do despotismo praticado durante esta época.
Na sessão na Assembleia da República, com os ex-presidentes Ramalho Eanes e Cavaco Silva presentes na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa tentou sarar as feridas, que mantêm a esquerda e direita de costas voltadas com uma lição de História. O Presidente lembrou que sem 25 de abril não teria havido 25 de novembro, mas sem o 25 de novembro, Portugal poderia ter mergulhado numa guerra civil. O 25 de abril marcou o final do regime ditatorial que governou. Portugal durante 48 anos e o 25 de novembro abriu de vez o caminho para uma democracia liberal do tipo ocidental. Quanto à ausência do PCP na cerimónia tenho para mim que fizeram lá tanta falta como uma guitarra num enterro !!