Os problemas de mobilidade no Carregado voltaram a dominar a intervenção do público e de vários eleitos numa das últimas reuniões de Câmara de Alenquer, com renovados apelos a uma intervenção urgente nas Estradas Nacionais 1 e 3 e a uma atuação mais eficaz perante o estacionamento desordenado e a presença constante de veículos pesados em zonas residenciais.
João Fernando, em representação da Comissão de Moradores do Carregado, alertou para a degradação de vários pontos das vias nacionais que atravessam a vila, sublinhando que a transferência de competências do Estado para os municípios não pode continuar a servir de argumento para a inação. Segundo o munícipe, existem muros degradados, riscos evidentes para peões e automobilistas e situações de perigo que se mantêm há demasiado tempo, num território marcado por forte pressão rodoviária e logística.
A questão da Polícia Municipal foi igualmente levantada, com críticas à insuficiência de meios e à reduzida presença no terreno, sobretudo durante a noite. João Fernando salientou que o estacionamento noturno desordenado agrava os problemas já existentes durante o dia, dificultando inclusivamente a recolha de resíduos e colocando em causa a segurança e a qualidade de vida dos moradores.
Também Paulo Matias, vice-presidente da Câmara Municipal, reconheceu que o Carregado enfrenta constrangimentos estruturais que exigem uma resposta mais robusta, nomeadamente ao nível da fiscalização e da articulação com outras entidades. O autarca admitiu que a pressão exercida pelas nacionais e pelo tráfego pesado condiciona qualquer estratégia de melhoria urbana se não forem resolvidos os problemas de fundo associados à EN1 e à EN3.
Tiago Pedro, vereador da oposição e responsável por esta área no executivo anterior, lembrou que a situação do Carregado não é nova e que existem estudos, planos e propostas já desenvolvidos, incluindo soluções para acalmia de tráfego, gestão urbana das vias e criação de condições mínimas de segurança. Defendeu que sem uma intervenção clara nas nacionais, consideradas “barreiras invisíveis” à coesão da vila, será difícil alterar o quotidiano de quem ali vive.
O estacionamento de veículos pesados em zonas residenciais foi outro dos pontos críticos. Francisco Guerra, vereador da oposição PSD, sublinhou que não é aceitável continuar a discutir o problema sem resolver a questão do parque de pesados, cuja concretização foi anunciada no passado como solução estrutural, mas que permanece longe de cumprir esse papel. Apesar das críticas à forma como o processo foi conduzido, o vereador defendeu que a necessidade de um parque funcional continua a existir.
O Carregado, sublinharam vários intervenientes, vive há anos sob o peso do tráfego intenso, da informalidade no estacionamento e da ausência de fiscalização consistente, uma realidade que o Valor Local tem vindo a acompanhar de forma recorrente.








