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Os “Tagarelas” do Cavaquinho de Vila Verde dos Francos

Um grupo de pessoas reúne-se todas as semanas para um momento de convívio e de amor pela música na Associação Desportiva, Recreativa e Cultural de Vila Verde dos Francos. Descobriram já tarde a aptidão musical. Trata-se do grupo Cavaquinhos Tagarelas. O nome é fácil de explicar- Trata-se de gente simpática que está sempre disponível para falar pelos cotovelos, como os próprios gostam de se afirmar. No dia da nossa reportagem várias pessoas reuniram-se para mais um ensaio. O grupo tem atuado um pouco por todo o concelho.

Tudo começou pela mão de José Manuel, o ideólogo do grupo, que incentivou vizinhos e amigos para abraçarem, o desafio do cavaquinho. Neste momento, são cerca de uma dezena o número de pessoas que integram este grupo em que as aulas começaram há cerca de um ano. Aprender a tocar não é difícil, apenas requere treino e gosto, foi o que nos contaram os tagarelas do cavaquinho. “É um instrumento bom para se dar os primeiros passos, mas para se tocar bem são sempre precisos alguns anos”, refere.

José Manuel toca há muitos anos e é o próprio que esculpe a madeira e a transforma num instrumento musical. Já teve vários grupos de música tradicional e até folclore. Veio viver para Vila Verde dos Francos em 2020 com a esposa que também faz parte do grupo. Na localidade “gosta de tudo”. Há 30 anos que tinha casa na freguesia, mas agora com a reforma mudou-se de armas e bagagens para Vila Verde dos Francos.

O Valor Local falou com todos os novos executantes de cavaquinho de Vila Verde dos Francos. Serafim Serrano, de 80 anos, começou a frequentar este grupo pela amizade de uns pelos outros, mas como tem uma deficiência numa mão, é dos poucos que não toca cavaquinho mas bumbo, ferrinhos e maracas. “Sou o mais velho do grupo e tomo bem conta deles”, declara, gracejando.

Graciete Marques, com 70 anos, já andou no rancho onde cantava, mas esta é a sua primeira experiência musical a tocar um instrumento – “Era difícil no início, mas agora já vai”.

Angelina Pereira, 72 anos, veio para o grupo também pela mão da esposa de José Manuel. “Estou a adorar esta experiência. A par das aulas de ginástica na coletividade é das poucas coisas que temos. Envelhecemos com qualidade”.

Já o sonho de Isabel Santos, 73 anos, era ter aprendido a tocar acordeão quando mais nova, “mas é um instrumento muito pesado e a minha coluna não autorizou”, refere, reconciliada com a ideia. Agora na reforma e também de regresso às suas origens “não é difícil a passagem dos dias”, “Arranjamos sempre coisas para fazer, desde cuidar das roseiras para me picar, e claro o nosso ensaio dos cavaquinhos”.

Olga Henriques, 74 anos, confessa que aprender não foi fácil, mas que já lhe vai ganhando o jeito “com a ajuda de todos”. Em conjunto com vizinhos e vizinhas agora que está reformada não dispensa a ginástica e as caminhadas.

Isabel Alberto, 71 anos, morou quase 50 anos “na cidade e depois de reformada foi viver para Atalaia, na freguesia da Ventosa”, a terra do marido. “Mas sou de Vila Verde e todas estas pessoas são minhas amigas de infância”. “Sempre pensei que não era capaz de tocar, mas com o convívio com as amigas comecei a perceber que isto faz muito bem”. Agora quer experimentar tocar adufe.

Quando veio para Vila Verde dos Francos com o marido, Maria Ondina, 74 anos, teve logo a ideia de criar este grupo e o entusiasmo foi contagiante. “Quando demos por isso já eramos 12”. Para além dos cavaquinhos o grupo já conta com baixo e bandolim para além dos instrumentos tocados por Serafim Serrano. A localidade não está desfalcada de jovens, relata, e depois da pandemia foram muitos os que decidiram trocar as grandes cidades por espaço e ar puro. “Era giro reativar-se o grupo de folclore”, expressa. “Depois da Covid, apareceu por aqui um ‘boom’ de gente, não só portugueses, mas também alguns imigrantes”.

Entre os que fazem parte do grupo, há quem tenha escolhido recentemente Vila Verde dos Francos para residir

Maridos e filhos destas senhoras são os principais incentivadores desta atividade. “O meu filho não me quer ver parada e é o primeiro a dizer para eu vir”, acrescenta Isabel Santos. “Os nossos maridos ficam vaidosos e acompanham-nos para todo o lado”, refere Isabel Alberto.

A mais nova do grupo é Sónia Lima, de 45 anos, que faz parte do grupo com o marido, que não pôde estar presente no dia da nossa reportagem. Esta nova residente de Vila Verde dos Francos vai todos os dias trabalhar para o hospital de Cascais e no dia do ensaio, a uma sexta-feira, depois de uma semana árdua com muitas horas acumuladas de serviço enquanto enfermeira parteira, não diz que não a mais um momento de convívio com os novos vizinhos e amigos. Sónia recorda que veio viver para Vila Verde dos Francos na altura da pandemia. “Sou alfacinha de gema, não tenho qualquer ligação a este concelho, mas apaixonei-me por uma casa e pela aldeia que está aqui num vale que faz lembrar uma paisagem do Senhor dos Anéis”. O marido como toca vários instrumentos foi naturalmente convidado para fazer parte do grupo “que é muito jovial apesar da média de idades”. “Vivi 20 anos em Lisboa e não tinha relação com os vizinhos, aqui o sentido de comunidade é bastante forte”. “Só me arrependo de não ter vindo mais cedo”.

Tocador de viola, António Fino, regressa todas as semanas para ensaiar com o grupo, embora já não resida em Vila Verde dos Francos. Surgiu o convite “por parte da Ondina e olhe comecei a vir aos ensaios e a integrar o grupo”. Há muitos anos que toca viola, instrumento ao qual se dedicou mais nos últimos anos.

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