Até ao final do ano, a Câmara Municipal de Azambuja prevê gastar com o projeto Bata Branca cerca de 35 mil euros. Silvino Lúcio, presidente da autarquia, em entrevista à Rádio Valor Local, sublinha que os valores saem diretamente do orçamento do município à razão média de 6000 euros por mês. Recorde-se que este é um programa que resulta de uma parceria entre a Cerci Flor da Vida e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo que visa proporcionar consultas a quem não tem médico de família. O Estado transfere para a IPSS as verbas. Cada clínico recebe 27 euros à hora dessas verbas, e a Câmara paga mais 13 euros à hora do seu bolso, como forma de incentivo. É uma parceria entre o Serviço Nacional de Saúde, a Cerci e a Câmara que tem estado a recolher frutos.
Ainda há um ano era praticamente impossível marcar uma consulta no centro de saúde, agora tudo mudou e é com a maior facilidade que os telefones são atendidos na Unidade de Saúde de Cuidados Personalizados de Azambuja e se consegue uma consulta num espaço de tempo aceitável. Isso mesmo conseguimos apurar num telefonema para o centro de saúde nos últimos dias. As consultas têm lugar em horário pós-laboral dos médicos e ao sábado.
O autarca, em declarações ao nosso jornal, vinca que as verbas despendidas pela Câmara “são bem gastas”, tendo em conta a solução encontrada com a Cerci Flor da Vida que é um parceiro neste projeto. Para o presidente da Câmara, esta foi a melhor solução, tendo em conta a situação caótica que o concelho vivia com a falta de médicos de família, e sublinhou a “visão e a audácia da Cerci” neste projeto que não dota o município de médicos de família, mas em que se chegou a um compromisso de “verdadeiro serviço público”, sem perder de vista que o ideal passaria por colocar nos serviços de saúde do concelho médicos de família. Foi prometido aos autarcas da Comunidade Urbana da Leziria do Tejo da qual Azambuja faz parte pelo ministro da Saúde que os vencimentos dos médicos seriam ajustados de forma a estancar a falta de médicos na zona de Lisboa e Vale do Tejo.
Silvino Lúcio recorda que a primeira IPSS do concelho a ser abordada foi a Santa Casa da Misericórdia, que não conseguiu encontrar clínicos. No entanto, a CERCI não só se mostrou interessada, como conseguiu encontrar soluções. De seis médicos, passou-se para oito. As consultas que seriam inicialmente apenas em Azambuja foram rapidamente alargadas às extensões de Aveiras de Cima e da União de Freguesias aos sábados. Para já em suspenso, e à espera de obras, está a extensão de Alcoentre, que no futuro também poderá acolher este projeto.
De acordo com o autarca, esta solução encontrada com a CERCI, que “não ganha um cêntimo neste processo” “veio, portanto, colmatar uma falha no Serviço Nacional de Saúde”, e por isso refere: “Estamos todos satisfeitos e, portanto, continuamos de mãos dadas com os nossos parceiros como sempre estivemos desde o primeiro dia”.
Silvino Lúcio destacou o empenho da IPSS presidida pelo antigo diretor da Escola Secundária de Azambuja, José Manuel Franco, destacando que “não é fácil fazer todos os meses a programação sem receber um cêntimo”. “Isso é trabalho, e não é pouco. Nós, município, valorizamos a Cerci”.
No entanto este projeto Bata Branca, não tem qualquer prazo de validade ou contrato firmado para que tenha uma duração ou uma garantia, digamos, por mais anos. A situação é para já confortável, mas nada impede que o Estado desista de pagar a sua parte aos clínicos. Sobre esta questão, o presidente da Câmara de Azambuja sublinha que a disponibilidade da autarquia é total e acredita também na disponibilidade do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo em continuar, vincando que Azambuja vivia até aqui uma situação “muito complicada agora atenuada com o Bata Branca”.
Para o presidente “enquanto houver entendimento, enquanto as pessoas se conseguirem entender e andarem de mãos dadas, o projeto continuará”. Para Silvino Lúcio, seria impensável o município arcar com todo este projeto sozinho. As verbas seriam incomportáveis.
Câmara vai reparar o sistema de ar condicionado do centro de saúde
O Governo tinha previsto transferir 265 mil anuais em 2024, um valor que fica aquém das reais necessidades do município. O presidente da Câmara refere que se procedeu a uma renegociação, e os valores agora rondarão os 440 mil euros, mais em linha de conta com as verdadeiras necessidades.
Para o autarca estes valores representam outro conforto e acrescenta que vai também proceder à reparação do sistema de ventilação do Centro de Saúde de Azambuja, que nunca funcionou desde que o edifício foi inaugurado.
Na edição de setembro contaremos com uma entrevista com o presidente da Cerci Flor da Vida, José Manuel Franco para mais um balanço do programa Bata Branca.