No mês de maio fomos confrontados com um conjunto de dados da economia portuguesa que nos confirmam o início de uma nova era económica. O Instituto Nacional de Estatística, na sua estimativa rápida, deu-nos a conhecer que o crescimento da economia portuguesa no 1º trimestre de 2025 abrandou. Apesar da subida de 1,6% em 2025 face ao registado no 1º trimestre de 2024, a economia contraiu 0,5% quando comparado com o 4º trimestre de 2024. Isto significa que apesar da economia se ter expandido de um ano para o outro, ficou sem força na entrada no novo ano. As estatísticas mostram que esta falta de fulgor da economia neste início de ano, foi resultado da travagem do consumo das famílias e do abrandamento da economia mundial (contraindo as exportações). O que mesmo não sendo indicadores definitivos, demonstram uma tendência que terá impacto na vida dos diferentes agentes económicos reduzindo as expectativas na evolução do emprego e dos salários.
Esta mudança de paradigma é consequência do que temos vindo a assistir na economia internacional: O mundo mudou! Entramos numa Era onde tudo se conjuga para o pessimismo. Economias menos pujantes, com dificuldades em acompanhar o ritmo das exigências dos agentes económicos, ao que se acumulam um conjunto de desequilíbrios estruturais que nunca foram resolvidos, criam caminho para que os extremos políticos proliferem no mundo.
Não passámos a ser um país mais racista ou xenófobo, mas a persistência de problemas por resolver atingiu o seu nível máximo de saturação nos cidadãos. Da Justiça à Segurança, passando pela Imigração, Habitação, Salários e Impostos. Problemas que nunca ninguém se dignou a responder com soluções estruturais e disruptivas para que as pessoas se sentissem felizes no nosso país. Passados 50 anos, continuamos a ouvir o discurso sobre uma liberdade em risco para uma geração que nunca viveu em Ditadura, quando as pessoas sentem que o seu futuro é aprisionado com a justificação de um passado que não fizeram parte.
“ A liberdade só se constrói com a expectativa de um futuro melhor e sem amarras, não se constrói com a narrativa do seu possível desaparecimento“
A liberdade não é sentida numa Justiça demorada e inoperacional, numa estrutura policial rígida e enfraquecida, num descontrolo da imigração, na inacessibilidade da habitação, nos salários de terceiro mundo para um custo de vida de país nórdico ou em impostos sufocantes numa economia corrupta assente num verdadeiro festival de “quem foge mais ao Fisco”. A liberdade só se constrói com a expectativa de um futuro melhor e sem amarras, não se constrói com a narrativa do seu possível desaparecimento.
Desta forma, ninguém acha que os partidos da extrema-direita vão mudar o mundo, simplesmente as pessoas demonstraram nestas eleições que quem manda é o povo e se não resolverem os problemas do país, não terão qualquer problema em eleger uma pessoa, seja ela quem for (mesmo que não tenha qualquer ideia e que só viva para os soundbites das redes sociais). Ninguém acha que propostas eleitorais que custarão entre 15 e 24 mil milhões de euros são concretizáveis, o que levaria o país para a bancarrota, e que as mesmas alguma vez tornarão a vida das pessoas melhor. Mas as pessoas estão cansadas e sentem-se aprisionadas.
Caso os decisores não percebam isto, tal como na Alemanha em 1933, um partido político irá impor o poder absoluto após aquilo que de mais democrático existe: as eleições.
